Economia

IED sobe 30% e o Brasil é o 10º país na preferência do investidor

postado em 17/09/2009 18:40

Ao contrário do que aconteceu no resto do mundo, o fluxo de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) para o Brasil aumentou 30,3% em 2008 na comparação com 2007, para US$ 45,1 bilhões. Para o mesmo período, a média mundial correspondeu a uma queda de 14,2%, para US$ 1,697 trilhão.

Entre as economias desenvolvidas, o fluxo de investimento teve retração de 29,2%, para US$ 962,3 bilhões. O crescimento do investimento no Brasil superou a média dos países em desenvolvimento e dos países da América Latina. Para as economias em desenvolvimento, o fluxo de investimentos aumentou 17,3% para US$ 620,7 bilhões e, para a América Latina, o crescimento foi de 13,2% para US$ 144,4 bilhões.

A conclusão é do relatório sobre o volume de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no mundo em 2008, elaborado pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) a partir de dados da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

O relatório também aponta que o Brasil se tornou no ano passado a economia mais internacionalizada entre os países do Bric, grupo que inclui Rússia, Índia e China, além do Brasil. Na proporção entre o estoque de IED realizado e o PIB de cada país, o Brasil apresenta a melhor relação, de 18,3%.

Foi a primeira vez que o País superou a Rússia na atração de investimentos comparativamente ao seu PIB. A Rússia, que até então liderava este ranking, recebeu a título de investimentos o equivalente a 12,7% do seu produto interno em 2008. Os investimentos na Índia corresponderam à proporção de 9,9% de seu PIB e na China, de 8,7%. Segundo a Unctad, a média de investimento estrangeiro no mundo em relação ao PIB global é de 26,9%, o que indica que há um potencial de crescimento considerável para o Brasil e os demais Brics.

[SAIBAMAIS]"Nunca a percepção do investidor estrangeiro foi tão positiva em relação ao Brasil quanto agora", avalia o presidente da Sobeet, Luís Afonso Lima. De acordo com ele, essa melhora na avaliação dos estrangeiros deve-se aos bons fundamentos da economia brasileira, que se mantiveram sólidos mesmo em meio à crise econômica global. Ele citou com exemplos o controle da inflação, a política fiscal e, principalmente, o setor externo. Essa visão das empresas estrangeiras em relação ao Brasil fez com que o País subisse quatro posições no ranking dos principais destinos de investimentos no ano passado. Em 2007, o Brasil ocupava a 14; posição nesta lista, com investimentos de US$ 34,6 bilhões. No ano passado, o Brasil subiu para a 10; colocação, recebendo o ingresso de US$ 45,1 bilhões. Economias sólidas com as da Alemanha, Canadá e Itália, por exemplo, perderam posições e ficaram atrás do Brasil em 2008.

E de acordo com a Unctad, o Brasil deve melhorar ainda mais nesse ranking e atingir o 4; lugar até 2011. Para Lima, o Brasil deve encerrar este ano recebendo um fluxo de US$ 25 bilhões.

"O valor é menor que os dos dois últimos anos, mas superior aos de outros países, que estão caindo tanto ou mais que nós", explicou o presidente da Sobeet. Uma outra característica do Brasil ressaltada no estudo é que o aumento do IED em 2008 superou o crescimento dos investimentos das empresas nacionais no País, ao contrário do que ocorreu no restante do mundo. No Brasil, enquanto o IED aumentou 30,3% de 2007 para 2008, o investimento de empresas nacionais na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 13,8%.

"Os outros estão vendo o Brasil com um olhar mais favorável que os próprios brasileiros e, além disso, para o resto do mundo, a previsão de crescimento não é tão boa", analisou o presidente da Sobeet.

Finalmente, para os investidores estrangeiros, embora o tamanho da economia brasileira, o crescimento do mercado doméstico e o baixo custo da mão de obra sejam fatores de atração para novos investimentos, ainda há barreiras que impedem uma expansão ainda maior.

Comparativamente à média dos demais países, o Brasil possui uma qualidade de infraestrutura inferior aliada à eficiência do governo também baixa. Pesa ainda contra o Brasil o baixo número de acordos internacionais e bilaterais. Nos últimos dez anos, o Brasil assinou apenas 12 acordos de bitributação e dois acordos de investimento.

É um dos menores números no ranking dos países, o que coloca a economia brasileira atrás de Ilhas Seychelles, Costa do Marfim, Vanuatu e Eritreia.

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