postado em 18/09/2009 21:08
A recuperação dos preços industriais e agropecuários no atacado levaram o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) a
interromper em setembro uma sequência de três meses de deflação, registrando taxa positiva próxima do teto das previsões do mercado. O índice subiu 0,35 por cento este mês, após cair 0,60 por cento em agosto, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV), nesta sexta-feira (18/9)
As projeções de analistas ouvidos pela Reuters variavam de alta de 0,09 a 0,36 por cento, com mediana em 0,26 por cento. "Os preços agrícolas e industriais continuaram a acelerar, mas dentro do previsto após a primeira prévia do IGP-M, enquanto os preços ao consumidor e na construção civil se man-
tiveram controladas," resumiu o economista-chefe da corretora Ativa, Arthur Carvalho Filho.
[SAIBAMAIS]O Índice de Preços por Atacado (IPA) registrou alta de 0,46 por cento, ante recuo de 1,04 por cento em agosto. O IPA agrícola teve alta de 0,52 por cento, revertendo o declínio de 2,44 por cento de um mês antes. Parte dessa aceleração veio de Alimentos in natura, que reverteu a deflação de 2,09 por cento em agosto para inflação de 6,38 por cento. O IPA industrial também inverteu o movimento e aumentou 0,44 por cento, após recuo de 0,57 por cento no mês passado. As principais influências positivas individuais para a alta no IPA vieram de tomate, açúcar cristal, óleo combustível, mamão e laranja.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) aumentou 0,24 por cento, ante alta de 0,26 por cento no mês anterior. Alimentação subiu 0,62 por cento, Habitação avançou 0,29 por cento, Despesas diversas tiveram elevação de 0,22 por cento e Transportes subiram 0,11 por cento, enquanto Vestuário recuou 0,80 por cento, Saúde e cuidados pessoais caiu 0,02 por cento e Educação, leitura e recreação cedeu 0,10 por cento. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou deflação de 0,11 por cento em setembro, ante elevação de 0,22 por cento em agosto, com os preços de mão-de-obra quase estáveis e os de materiais, equipamentos e serviços em queda de 0,25 por cento.
Ano comportado
No ano, o IGP-10 acumula queda de 1,79 por cento e nos 12 meses até setembro tem declínio de 0,27 por cento. Para o economista da FGV Salomão Quadros, os preços já começam a refletir a perspectiva de retomada da economia mundial depois da crise.
"Alta dos preços é resultado da retomada da atividade em escala mundial", disse. "Os preços no atacado têm uma elevação generalizada devido a sua internacionalização. Eles sobem até antes da atividade se recuperar, na perspectiva de dias melhores."
Quadros acredita que, mesmo com a volta irreversível ao patamar positivo, os IGPs têm grande chance de fechar o ano com as menores taxas da pesquisa. "Os IGPs nunca foram negativos e são boas as chances disso acontecer visto que em outubro e novembro do ano passado as taxas foram muito altas", afirmou.
Na visão do economista sênior do BES Investimentos, Flávio Serrano, o cenário de inflação continua benigno no curto prazo no geral. "Esperamos que o ciclo de deflação tenha acabado, mas as taxas ainda podem ficar baixas algums meses (abaixo de 0,30 por cento), apesar da tendência de recuperação no médio prazo." Carvalho Filho, da Ativa, também acredita que os IGPs devem pemanecer positivos, com as taxas "provavelmente" mais altas.