postado em 21/09/2009 08:41
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, os presidentes da Petrobras e do BNDES, José Sérgio Gabrielli e Luciano Coutinho, além de representes da iniciativa privada, governadores, senadores e deputados estarão reunidos amanhã e depois, em Brasília, no seminário Pré-Sal e o Futuro do Brasil, promovido pelo Correio Braziliense e Estado de Minas. Essa é a primeira vez que a regulamentação do pré-sal e seus reflexos na economia e no desenvolvimento social do país serão discutidos publicamente por autoridades do governo.
Os impactos da descoberta de petróleo em grande quantidade em águas profundas da costa brasileira acontecem nos mais diversos ramos de atividade, em empresas de todos os portes, e das mais diversas áreas. Para Alexandre Pierantoni, sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC), o pré-sal abre nova frente de oportunidades para pequenas empresas. "Ainda não se sabe o tamanho do negócio, mas as empresas estão se fortalecendo, buscando parcerias estratégicas para, depois, se agruparem com o objetivo de atender a demanda desse novo nicho que se descortina. O pré-sal deve estimular a criação de grandes empresas de equipamentos e prestação de serviços", afirma.
É o que já vem acontecendo - antes mesmo de se iniciar a produção comercial do pré-sal - no Vale do Aço, tradicional reduto da siderurgia brasileira. Ali, 12 organizações já arregaçaram as mangas e estão negociando o fornecimento de partes de navios para um estaleiro cliente da Petrobras. De acordo com o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, somente o setor de máquinas e equipamentos terá que investir de US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões nos próximos quatro anos se quiser acompanhar e crescer junto com o desenvolvimento da exploração de petróleo da camada do pré-sal, que consumirá R$ 120 bilhões nos próximos quatro anos.
Assim que os quatro projetos de lei que compõem o novo marco regulatório do setor foram anunciados pelo presidente Lula - mudança de concessão para partilha, criação da Petrosal, criação do Fundo Social e capitalização da Petrobras -, Gabrielli saiu a explicitando aos empresários quais seriam os investimentos necessários do setor para que a indústria brasileira não fique fora dessa nova empreitada.
Nacionalização
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo fez um desafio às empresas brasileiras que serão potenciais fornecedoras do pré-sal. "Propusemos aos empresários um desafio no sentido de que eles participem intensamente na formulação de equipamentos e que tenham presença ativa deles na construção de navios, sondas e plataformas", disse. Para isso, segundo ele, estão sendo oferecidos financiamento de órgãos estatais bancários, como BNDES, Banco do Brasil e outras instituições. "Os empresários estão animados e vamos exigir um percentual de componente nacional nas licitações que vão ser feitas para a compra de equipamentos. Esse percentual será fixado para garantir à indústria nacional uma presença mais sólida nesse avanço que estamos vendo no setor petrolífero", sustentou.
O presidente BNDES, Luciano Coutinho, já defendeu a isonomia entre as empresas brasileiras e estrangeiras, principalmente as do sudeste asiático, em questões como financiamento e tributação. Esse tipo de diferença tira a competitividade do produto brasileiro e leva a Petrobras a adquirir equipamentos estrangeiros, em detrimento dos nacionais. Hoje, o índice de nacionalização dos equipamentos comprados pela Petrobras é de cerca de 60%. O problema é que os produtos de menor valor agregado facilmente preenchem esse percentual e a estatal acaba por adquirir produtos de alta tecnologia do exterior.