Jornal Correio Braziliense

Economia

Gás para abastecer todo o país em 2 anos

Produção nacional vai aumentar e Brasil alcançará autossuficiência, prevê o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão

Em dois anos, o Brasil será autossuficiente em gás natural. A afirmação é do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que participou ontem da abertura do segundo dia do seminário Pré-sal e o Futuro do Brasil, promovido pelo Correio Braziliense e Estado de Minas. ;A Petrobras estima que, dentro de dois anos, teremos gás suficiente para satisfazer as necessidades do país;, ressaltou Lobão. Hoje, o Brasil importa até 30 milhões de metros cúbicos de gás da Bolívia diariamente. O consumo nacional é de 44,8 milhões. ;Dentro de algum tempo, o Brasil será completamente autossuficiente. Estamos ainda importando esse liquefeito de outros países, mas seremos autossuficientes em breve;, reforçou. Ter uma produção de gás suficiente para atender à demanda do mercado brasileiro evitará problemas de fornecimento, a exemplo da termelétrica de Cuiabá, que está parada há dois anos por causa de dificuldades de negociação com a Bolívia. ;A exportação do gás para essa térmica de Cuiabá é feita diretamente, sem a interveniência do governo brasileiro. O que estamos procurando fazer é estimular a Bolívia a prosseguir fornecendo gás para eles;, ponderou Lobão. A autossuficiência do petróleo do Brasil praticamente já existe, comparando os números de volume de produção versus demanda. Porém, o país ainda importa quantidade significativa de óleo leve. Com o pré-sal, porém, esse problema será superado. A autossuficiência em gás, que segundo Lobão chegará em dois anos, só fortalece o papel do Brasil como potência energética. ;O ideal é que sejamos independentes em tudo;, afirmou o ministro. E o pré-sal também deve ampliar a produção de gás nos próximos anos. Segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, está sendo desenvolvido um programa pioneiro para fazer liquefação de gás em alto-mar, o que eliminaria o processo no continente.
Leilões A expectativa do governo é de que os primeiros leilões das áreas do pré-sal no modelo de partilha ocorram até o primeiro semestre do ano que vem. ;No instante em que o Congresso Nacional votar os projetos ; a Câmara (dos Deputados) vai votar em 10 de novembro e, em seguida o Senado (Federal) deve analisar o assunto ;, serão transformados esses projetos em lei. Vamos convocar um leilão já sob o regime de partilha no primeiro semestre do ano que vem;, afirmou Lobão. Sem adiantar valores, o ministro disse que nesse primeiro lote, serão cobrados bônus de assinatura (1)como uma espécie de adiantamento da partilha. ;A partilha virá daqui a quatro, cinco anos, (quando) estarão dando resultado efetivo. O bônus de assinatura será um adiantamento que irá para o fundo social, para a manutenção da empresa (a Petro-Sal). O valor será estabelecido pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética);, explicou. Questionado se será dada continuidade à rodada de licitações suspensa por causa das descobertas do pré-sal, Lobão disse que a decisão também é do CNPE.
Pires na mão Lobão considera que o Brasil está vivendo o momento do seu ;fastígio; econômico. O ministro lembrou que na terça-feira a Moody;s, uma das três maiores agências de classificação de risco do planeta, elevou o Brasil ao grau de investimento. Títulos como esse já alcançados pelo país, somados ao grande potencial das jazidas do pré-sal, mudaram radicalmente a imagem do Brasil no mercado brasileiro, o que tem facilitado o acesso ao crédito. ;Recebi telefonema do presidente do Eximbank. Ele disse que o Brasil está pronto para receber o que precisar. Acabou o tempo do pires da mão;, festejou.
Assista a videorreportagem sobre o Seminário Pré-Sal
1 - Garantia inicial O bônus de assinatura corresponde ao montante ofertado pelo licitante vencedor na proposta para obtenção da concessão de petróleo ou gás natural, não podendo ser inferior ao valor mínimo fixado pela ANP no edital de licitação.
Interesse de investidores estrangeiros [FOTO4]Ao abrir o seminário Pré-Sal e o Futuro do Brasil, na terça-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (foto), deu exemplos claros do interesse dos investidores estrangeiros na extração do petróleo em águas ultraprofundas. Segundo ela, o aumento do número de inscrições na última licitação de blocos de petróleo já demonstrou o apetite do capital internacional sobre as reservas brasileiras. Dilma reforçou ainda as manifestações diretas de árabes e chineses, que confirmaram apenas aguardar as novas ;regras do jogo; para aportarem recursos no país.