Agência France-Presse
postado em 29/09/2009 09:55
O economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Augusto de la Torre, disse nesta segunda-feira que "o pior da crise (na região) já passou", durante uma entrevista coletiva à imprensa em Miami, na qual destacou o Brasil."O cenário catastrófico que estava no pensamento de muitos começou a se dissipar", declarou De la Torre na véspera da "Conferência das Américas", que começa na terça-feira em Miami.
A recuperação na região é liderada por Brasil, Argentina e Chile, países cujas economias estão mais ligadas à China, acrescentou.
Segundo De la Torre, as economias mais ligadas à China foram beneficiadas no contexto da atual crise.
É necessário, acrescentou, saber quais foram os impactos das políticas de estímulo fiscal, mas, até o momento, esses impactos foram mais fortes do que o previsto.
Além disso, ele anunciou que a contração do PIB da América Latina em 2009 será em média de 2% e que o crescimento em 2010 será da ordem de 3%.
De la Torre advertiu que apesar da reativação na região, a recuperação dos empregos na América Latina só se dará em 2010.
Segundo o economista, a crise mais aguda ocorreu no México, "com uma contração da ordem de sete por cento". "Sem o México, não haveria contração na América Latina" e a região ficaria com um crescimento "em torno de zero".
"A América Latina não sofreu o colapso financeiro como ocorreu em outras partes. Está saindo desta crise sem um dano sistêmico ou estrutural e isto é uma boa notícia para nossos países".
"Graças ao modo como superou a crise, a América Latina é atualmente um destino atrativo para os investimentos externos, o que deixa as economias da região bem posicionadas para a recuperação".
De la Torre disse que é preciso conter o otimismo excessivo, já que a recuperação a curto prazo está apoiada em programas de estímulo adotados pelas maiores economias do mundo.
O economista também advertiu para a necessidade de se manter as reformas de base nos sistemas financeiros, diante das persistentes fragilidades da economia mundial.
"Existe uma grande incerteza sobre o que vai ocorrer além de meados de 2010, já que é preciso saber como os países sairão dos planos de estímulo".
A Conferência das América, que reúne funcionários do governo e economistas líderes do hemisfério, analisará nos próximos dois dias, em Miami, os desafios para a região após a crise financeira global.