Agência France-Presse
postado em 01/10/2009 10:10
O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou as previsões para a maioria dos países, no momento em que a economia global sai de uma grave recessão, mas advertiu que a recuperação enfrenta muitas dificuldades.
Também assegurou um papel de destaque para o Brasil na recuperação em 2010 da América Latina.
[SAIBAMAIS]O FMI calcula que a economia global registrará contração de 1,1% este ano, mas terá uma forte recuperação, com crescimento anual de 3,1% em 2010, melhorando assim as projeções de julho, que previam contração de 1,4% em 2009 e crescimento de 2,5% em 2010.
"Depois de uma profunda recessão global, o crescimento econômico se tornou positivo, com uma ampla intervenção pública que sustentou a demanda e reduziu a incerteza e o risco sistêmico nos mercados financeiros", destaca o Fundo no relatório semestral sobre Perspectivas Econômicas Mundiais (WEO, na sigla em inglês).
A instituição multilateral com sede em Washington divulgou o informe em Istambul, antes da reunião anual com o Banco Mundial (Bird), que acontecerá na cidade turca nos dias 6 e 7 de outubro.
A economia americana, a maior do mundo, está se recuperando melhor do que o estimado previamente, aponta o FMI, que projeta uma contração de 2,7% este ano e uma expansão de 1,5% em 2010 (-2,6% e 0,8% respectivamente na previsão de julho).
Na Europa, o ritmo de queda está entrando em ritmo de moderação, com a eurozona (16 países) retornando a um crescimento de 0,3% em 2010, contra a baixa projetada de 0,3% nas previsões de julho.
As economias emergentes e em desenvolvimento vão liderar o caminho da recuperação, com crescimento de 5,1% em 2010, com destaques para China e Índia, com altas de 9% e 6,4% respectivamente.
O Fundo também melhorou as perspectivas da América Latina, com uma contração de 2,5% este ano e alta de 2,9% para 2010, graças à exportação de matérias-primas e sob a liderança do Brasil
Para o FMI, o Brasil será a locomotiva da economia regional, com um crescimento negativo em 2009 (-0,7%), mas que chegará a 3,5% em 2010 graças ao amplo mercado interno e às exportações e mercados diversificados, e especialmente às relações com a Ásia.
À frente da reativação global está o robusto desempenho das economias asiáticas, sustentado pela estabilização ou recuperação modesta em outras regiões, destaca o FMI.
Outros fatores estimulantes foram a retomada da indústria, a recuperação dos estoques, o retorno da confiança dos consumidores e mercados imobiliários mais sólidos.
O FMI também dá muito crédito às políticas públicas de estímulo nos países desenvolvidos e em muitas economias emergentes, que respaldaram a demanda, reduziram os temores de uma depressão global e iniciaram a recuperação da mais profunda queda global da produção e do comércio desde a Segunda Guerra Mundial.
No entanto, o Fundo alerta que os dados mostram que a recuperação será frágil e, durante certo tempo, com desemprego e que o crédito continuará limitado.
O crescimento global de 2010 estará "muito abaixo" do ritmo anterior à crise financeira, que começou em 2007 e sofreu uma aceleração em setembro de 2008, depois da falência do banco de investimentos americano Lehman Brothers.
Para o período 2010-2014, o Fundo prevê um ritmo de crescimento levemente superior a 4%, menor que os 5% registrados nos anos anteriores à crise.
"Os riscos permanecem em vigor. O principal é que a demanda privada nas economias avançadas permanece muito frágil", advertem os economistas do Fundo.
"O fim prematuro das políticas de apoio fiscais e monetárias é uma preocupação particular, porque uma reativação induzida por estas políticas pode ser confundida com o começo de uma forte recuperação", destaca a instituição que tem 186 países membros.