Economia

EUA tropeçam com perda de empregos em setembro, desemprego chega a 9,8%

Agência France-Presse
postado em 02/10/2009 20:50
A supressão de postos de trabalho nos Estados Unidos voltou a aumentar em setembro apesar das expectativas otimistas, elevando a taxa de desemprego americana a 9,8%, contra 9,7% em agosto, número que o presidente Barack Obama apontou como "um lembrete sensato" de que a recuperação econômica será difícil. A maior economia do mundo eliminou 263.000 empregos em setembro, contra 201.000 em agosto e 304.000 em julho, segundo números corrigidos com as variações sazonais publicadas nesta sexta-feira pelo Departamento do Trabalho, em seu relatório mensal sobre a situação do emprego no país. [SAIBAMAIS]"O relatório do emprego de hoje (sexta-feira) é um lembrete sensato de que o progresso vem aos tropeços", disse Obama em Washington. Horas antes, o vice-presidente Joe Biden havia comentado que as notícias eram "duras", mas se mostrou confiante em uma recuperação. "As más notícias de hoje não mudam minha confiança no fato de que vamos nos recuperar, e criaremos empregos", afirmou Biden. O relatório do Departamento do Trabalho, um dos melhores indicadores sobre a conjuntura econômica, revelou que o vital mercado de trabalho mudou de rumo após vários meses de melhoras. O aumento da supressão de postos de trabalho pegou os analistas de surpresa, uma vez que a expectativa era de uma desaceleração das demissões pelo terceiro mês consecutivo, com apenas 175.000 empregos perdidos. A 9,8%, a taxa de desemprego se mantém, como no mês anterior, em seu patamar mais alto desde junho de 1983 (quando alcançou 10,1%), e está dentro dos cálculos dos analistas. "Isto confirma que será uma recuperação muito lenta e frustrante, e que não será do agrado da população por um longo tempo", estimou Robert MacIntosh, economista da Eaton Vance. "Tivemos alguma recuperação ao reconstruir inventários e nos beneficiamos do impulso do programa 'dinheiro por sucata' (para incentivar o consumo de carros), mas o que se fez foi adiantar as vendas dos próximos meses", acrescentou, destacando que "esta economia precisa crescer por seus próprios meios, e isso levará um bom tempo". Cary Leahy, economista chefe da Decision Economics, disse por sua vez que "o que torna (a recuperação) decepcionante é que todos os grandes indicadores estão fracos". Para Leahy, esta forte debilidade fará com que o Federal Reserve (Fed) mantenha a taxa diretriz em quase zero por algum tempo. Má notícia para a economia americana: a deterioração da situação tem em sua origem o setor terciário, que representa 85% da mão-de-obra empregada no setor agrícola do país. As demissões nesta área tiveram um aumento assustador, passando de 69.000 em agosto para 147.000 em setembro. Na indústria, que há mais de dois anos sofre com a crise, a eliminação de empregos caiu, de 132.000 em agosto para 116.000 em setembro. O setor de produção de bens suprimiu 116.000 postos de trabalho em setembro, 64.000 deles na manufatura. O de serviços perdeu 147.000 empregos, 39.000 deles no varejo. Desde o começo da recessão, em dezembro de 2007, as cifras mostram que o número de americanos desempregados aumentou de 7,6 milhões para 15,1 milhões, e a taxa de desemprego dobrou, chegando a 9,8%, indicou o Departamento do Trabalho.

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