postado em 05/10/2009 08:40
As concessionárias de automóveis sentiram a queda do movimento no primeiro fim de semana após a volta da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os carros populares. Nas lojas do Distrito Federal, a redução nas vendas chegou a 50% em relação à média dos sábados no mês passado, quando os consumidores correram para aproveitar os últimos dias do desconto concedido pelo governo para incentivar o setor. Algumas montadoras vão bancar o pagamento do tributo, segurando os preços pelo menos até o fim do mês.
[SAIBAMAIS]"O aumento do IPI é irrisório quando comparado com o preço do carro. Na nossa linha, a variação ficou entre 1,07% e 1,70%. Os consumidores se retraíram mais por um efeito psicológico. Eles ouviram as notícias de que o preço iria subir e acabaram sumindo", avaliou Max Brugalli, gerente da Jorlan no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA). Aos sábados, a loja estava vendendo de 30 a 35 unidades. Neste fim de semana, foram só 14. Alguns dos funcionários ficaram sem muito trabalho. Brugalli avaliou ter sido um erro a retomada da cobrança do IPI. Segundo Brugalli, a Chevrolet, fornecedora da Jorlan, está estudando bancar parte do aumento do imposto. Para outubro, a loja conta ainda com 200 carros já faturados no preço antigo para oferecer aos clientes.
O gerente da concessionária Estação Fiat, Alexandre Hoffmann, avalia que o consumidor ainda não compreendeu o que ocorreu em relação ao IPI. Segundo ele, ainda não houve o aumento de preço que pareceu ter ocorrido. "O consumidor não está entendendo direito. A gente está dando um bônus, até o fim do mês, em quase toda a linha Fiat. É um incentivo da fábrica para não perder volume de vendas. No mês que vem, é que deve aumentar", informou Hoffmann. O anúncio do fim do IPI zero espantou os clientes da loja. Neste fim de semana, a Estação Fiat vendeu 50 carros, contra 271 na soma dos três fins de semana anteriores. "Foi aquele baque", definiu Hoffmann. Segundo o gerente, o fluxo de vendas voltou ao normal após um grande volume de negócios.
Por conta do desconto no IPI, as vendas de automóveis e comerciais leves novos no país cresceram 19,85% em setembro, na comparação com agosto. No mês passado, foram comercializados 296.651 veículos, um recorde para o setor automotivo, segundo a Federação Nacional das Distribuidoras de Veículos Automotores (Fenabrave). A entidade atribuiu o desempenho positivo à vigência do desconto do IPI. Até então, a melhor marca de vendas de automóveis e comerciais leves para setembro foi de 289.792 veículos, em junho deste ano, também graças à isenção tributária. Hoffmann acredita que o consumidor voltará às compras ao fim do mês, quando perceber que haverá novo aumento do IPI.
A massoterapeuta Vilma Santos, que pegou seu carro zero no fim de semana, disse que evitou as concessionárias lotadas na semana passada e fechou o negócio por telefone. Ela estava fazendo planos de aproveitar o desconto, mas não tinha tempo disponível. "Tive a comodidade de não ir à concessionária no momento que estava muito cheia e, ainda assim, consegui comprar o carro com desconto", disse. Ela adquiriu um modelo Palio para quitação em 60 prestações.