postado em 05/10/2009 19:21
O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou nesta segunda-feira (5/10) análise econômica na qual destaca a possibilidade de que 2010 seja um ano de "economia espetacularmente aquecida". Nesse contexto, "é certo que o Brasil vai se expandir a um bom ritmo", com crescimento numa faixa entre 4,5% e 7%.
Os analistas da FGV acham que um avanço de 7% no Produto Interno Bruto (PIB) - soma das riquezas produzidas no país - "não é, de forma alguma, inconcebível", e consideram a eventualidade de uma recuperação em "V", na qual a intensidade da retomada seria equivalente à força da contração ocorrida na virada de 2008 para 2009. Eles traduzem para a economia a lei da física, segundo a qual "a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade".
[SAIBAMAIS]Quanto ao piso de 4,5% previsto para o crescimento, a carta do Ibre ressalta que "por mais que se reprima o otimismo, dificilmente seria justificável qualquer previsão de crescimento, em 2010, inferior a 4,5%". Esse patamar, aliás, é chamado por economistas da FGV de "conservador", em razão do histórico de expansão do país na última década e também porque acreditam que a recuperação virá na esteira de uma recessão, o que, segundo eles, "amplifica o efeito da retomada".
Um crescimento de 4,5% seria, portanto, na avaliação dos economistas, um cenário de mais tranquilidade para o Banco Central, uma vez que, sem o fantasma da pressão inflacionária, a autoridade monetária poderá manter a taxa Selic em 8,75% ao ano por muito tempo. Além disso, adianta a análise, o BC tampouco teria que se preocupar com o "timing [prazo máximo] para retirada dos estímulos fiscais anticíclicos".
Em contrapartida, se o crescimento apontar para taxa próxima a 7%, a capacidade de produção da economia será pressionada no decorrer de 2010 e o BC enfrentará o desconforto de "ter que puxar o freio da política monetária em plena campanha eleitoral". Esse cenário torna-se mais verossímil, segundo a análise, quando se avalia os poderosos estímulos à demanda, criados pelo governo, e cuja gestão futura "pode não estar imune" à equação político-eleitoral de 2010.