Economia

Greve nos bancos prejudica os mais pobres

postado em 06/10/2009 08:30
Com o cartão magnético bloqueado e precisando de dinheiro para pagar as contas do dia a dia, Bruno Pires Pereira, 22 anos, tem apelado para a boa vontade do chefe desde que os bancários entraram em greve. "Estou fazendo vale na empresa para pagar minhas despesas. Se não fosse isso, nem sei o que seria de mim", diz o técnico de balanças que medem pressão arterial. Cliente de um banco privado, o rapaz precisa destravar a senha pessoal se quiser utilizar o caixa eletrônico. Sem a ajuda de um funcionário na agência, o jeito é improvisar. "É a coisa mais desagradável do mundo", completa. [SAIBAMAIS]Reféns da paralisação iniciada em 24 de setembro, milhares de correntistas do Distrito Federal e de todo o país não conseguem resolver pendências um pouco mais complexas por telefone, internet ou nos postos de autoatendimento. A dificuldade aumenta entre os clientes de baixa renda, que não têm acesso à maioria dos canais alternativos disponibilizados pelas instituições financeiras. "Meu aluguel vai vencer e, mesmo recebendo o salário, não vou ter como pagar. Tenho na carteira um cheque sem fundos para representar e também não sei o que fazer", reclama Bruno. Na semana em que os salários começam a ser pagos aos trabalhadores, os transtornos podem ser ainda maiores. Quem lida com dinheiro vivo sabe bem o que tem sido conviver com o fechamento dos bancos. "As vendas caíram demais. Estou tendo prejuízo", resume Maria Cleonice Silva Paiva, 47 anos. Autônoma, ela comercializa roupas íntimas em casa para complementar a renda familiar. A clientela quase desapareceu nos últimos dias. "Vendi pouco porque o pessoal está sem dinheiro. Para não ficar pior do que já estou, decidi vender até fiado", conta. Maria Cleonice ainda vive outro drama. Além de amargar dificuldades nos negócios, ela tem de retirar a aposentadoria da mãe, que, doente, não consegue sair de casa. O benefício já foi depositado, mas continua na conta. "Tive um problema na hora do sacar e ninguém conseguiu resolver até agora. Preciso retirar o valor na boca do caixa, mas como os bancos estão de greve, o dinheiro está lá parado", relata a comerciante. Problemas como esse só podem ser resolvidos na agência. Apesar de extremamente pulverizada em lotéricas, caixas 24 horas e até nos Correios, a rede bancária que dá suporte às agências é limitada, e alguns serviços não podem ser realizados pelo sistema.

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