Economia

Brasil supera crise com 135 mil postos de trabalho

País deixa perda de empregos para trás e deve avançar ainda mais este ano

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 15/10/2009 08:18
Ao contrário dos Estados Unidos (epicentro da crise mundial), onde o desemprego está aumentando, o Brasil conseguiu zerar as perdas de postos de trabalho provocadas pela crise econômica mundial. Com o saldo líquido do emprego em setembro, de 252.617 novas vagas, o país já acumula, no ano, 932.651 novos empregos com carteira assinada. Esse número supera em 135.136 os postos de trabalho perdidos durante a crise. No auge da derrocada dos bancos americanos e do contágio das empresas - período de novembro de 2008 a janeiro deste ano - o Brasil queimou 797.515 postos de trabalho. Pela primeira vez no ano, a indústria de transformação apresentou números positivos, o que foi muito comemorado pelo Ministro do Trabalho Carlos Lupi, na divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ontem. Em setembro todos os subsetores da indústria de transformação criaram empregos. O saldo líquido no mês (diferença entre os admitidos e demitidos) foi positivo em 123.318, caindo para 62.759 novas vagas no acumulado do ano. Mas nos últimos 12 meses a perda de postos de trabalho está concentrada na Indústria de Transformação, único setor da economia que apresenta no período de outubro de 2008 a setembro de 2009 dados negativos (perda de 282.540 empregos). Animado com o fato de setembro ter sido o melhor mês para o emprego em 2009 - o outro mês foi o de agosto, com a geração de 242.126 postos de trabalho - o ministro Carlos Lupi até se arriscou a fazer nova previsão para o fechamento do ano. "Vamos chegar a 1,1 milhão de empregos", disse. A estimativa anterior era de 1 milhão de postos de trabalho formais. Segundo Lupi, o carro-chefe da criação de vagas será justamente quem mais fechou postos de trabalho, ou seja, a indústria de transformação, seguida pelo setor de comércio e serviços. O otimismo de Lupi não se resumiu ao emprego. Ele previu para o terceiro trimestre um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 3%. "Faço o cálculo baseado na empregabilidade" ponderou. Para este ano, o ministro manteve a estimativa de crescimento do PIB de 2%. Lupi também acredita que outubro, mês em que estatisticamente a quantidade de empregos gerados já começa a cair, vai surpreender. "Podemos ter um outubro igual a setembro ou até melhor. Mas isso, por enquanto, é apenas um palpite", ressaltou. Em setembro, de acordo com os dados do Caged (1), o único setor que não gerou emprego foi a agricultura. A entressafra no Centro-Sul do país fez com que o setor fechasse 17.064 vagas no mês. Esse fator sazonal também influenciou a distribuição dos postos de trabalho entre interior e regiões metropolitanas. Com a queda do emprego na agricultura e o aumento da geração de vagas na indústria, a quantidade de empregos criados no campo e nas cidades praticamente se equilibrou. No acumulado do ano (janeiro a setembro), o setor de serviços se destaca na geração de empregos. Ele vem em primeiro lugar com 411.426 novos postos de trabalho, seguido pela construção civil com 184.204. Depois vem a agricultura com 130.044, o comércio,101.472, e a indústria de transformação, 62.759. 1 - Diferença Ao contrário das pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em oito regiões metropolitanas para determinar a taxa de desemprego, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) é um registro administrativo fiel do emprego com carteira assinada no país inteiro. Todo mês, as empresas que promoverem movimentação de pessoal são obrigadas a repassar essa informação ao Ministério do Trabalho, informando ainda o salário de admissão do novo empregado.

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