postado em 19/10/2009 19:43
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta terça (20/10) e na quarta-feira (21/10) para definir a taxa básica de juros anual e o mercado estima que não haverá alteração no índice, que está em 8,75% desde 23 de julho.
De acordo com o boletim Focus, divulgado hoje pelo BC, existe expectativa quase consensual entre os analistas financeiros de manutenção da taxa no nível atual, pelo menos até o final deste ano, início do próximo, com possibilidade de a Selic recrudescer ao longo de 2010.
[SAIBAMAIS]O economista-chefe do Banco Schahin, Sílvio Campos Neto, acredita, por exemplo, que "o ritmo veloz de retomada da demanda pode levar o BC a iniciar um ajuste da política monetária nos próximos meses, embora ainda exista muita incerteza quanto ao timing [tempo certo] desse processo". Ele estima que a alta se iniciará em abril, na terceira reunião do Copom de 2010.
Como a atividade econômica se fortalece e aponta para aumento do consumo doméstico e consequente pressão inflacionária, as previsões para a Selic têm aumentado nas últimas avaliações feitas pelo Focus. O boletim previa que a Selic fecharia 20120 em 9,25%, depois os analistas mudaram a previsão, na semana passada, para 10,25%. Agora, na publicação de hoje, a expectativa é 10,50%.
Nem todos os analistas de mercado apostam em arrocho da política monetária. O economista Roberto Luis Troster, da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, acredita que "há uma inércia nas variáveis econômicas que pode manter as taxas baixas por um pouco mais de tempo".
Troster disse não esperar mais reduções da taxa básica de juros. "Se o governo apresentasse uma dinâmica fiscal mais consistente, metas de inflação mais ambiciosas e uma política de crescimento mais concentrada, poder-se-ia baixar ainda mais os juros, com efeitos consideráveis na economia nos anos seguintes".
Mas, no seu entender, "as ações do governo estão na contramão" e a política fiscal é o exemplo mais emblemático disso, pois "uma elevação permanente de gastos, como a que está acontecendo, pode limitar a capacidade de crescer no futuro, deteriorando a dinâmica da dívida pública e pressionando as taxas futuras".
Ele lembra que juros mais baixos reduzem o custo do carregamento da dívida pública e criam um círculo virtuoso entre taxas mais baixas e mais diminuições do endividamento do governo. Além disso, incentivam investimentos produtivos, ajudam a desconcentrar a riqueza, contribuem para o desenvolvimento sustentado e, de quebra, ainda reduzem a especulação financeira, com o consequente barateamento do crédito.