Economia

Alta do dólar deve durar pouco, dizem especialistas

postado em 21/10/2009 08:19
A alta do dólar gerada pela decisão de taxar a entrada de capital estrangeiro no país será passageira. A medida, que entrou em vigor nesta terça-feira (20/10), deve estancar o derretimento da moeda no máximo até o fim do ano. O efeito de curtíssimo prazo foi expressivo, com uma valorização de 2,99% desde sexta-feira, quando começaram os rumores de que o governo cobraria o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre os recursos. Só ontem, o câmbio subiu 2,14%, a maior variação positiva desde 22 de junho, com a divisa fechando em R$ 1,754. A tendência, porém, é que os investimentos continuem a aportar no Brasil e a cotação volte a cair. Alguns analistas chegam a apostar em algo como R$ 1,40 no ano que vem. [SAIBAMAIS]"A medida terá efeito temporário porque gerou muita incerteza. Os investidores temem que o governo não pare por aí e estabeleça outros mecanismos de controle para segurar o dólar, como um reforço na alíquota do IOF ou uma quarentena (prazo mínimo no qual o dinheiro deve permanecer no país)", avalia o estrategista-chefe do banco WestLB, Roberto Padovani. Ele cita quatro fatores que continuarão empurrando o câmbio para baixo: a menor aversão ao risco de países emergentes, o enfraquecimento global do dólar, o aumento na renda dos exportadores com a recuperação dos preços das commodities e a maior confiança na economia nacional. Tudo isso conspira para a manutenção de um real forte. Para Padovani, os ganhos com as aplicações continuarão muito rentáveis, apesar do IOF de 2%. Por isso, o dinheiro vai continuar chegando. Neste ano, os investimentos estrangeiros em bolsas de valores, títulos públicos e renda fixa somaram US$ 116 bilhões até agosto. Na projeção do economista, o dólar tende a oscilar em torno de R$ 1,70 até o fim do ano. "Em 2010, deve voltar a cair gradualmente até ficar abaixo do piso observado antes do agravamento da crise, que foi de R$ 1,55 em agosto do ano passado", diz. O temor de que os investimentos estrangeiros em ações caiam momentaneamente causou um tombo de 2,88% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ontem. Entre os papéis que mais se desvalorizaram, está o da própria BMF/Bovespa, com retração de 8,41%. Com a expectativa de menos dinheiro girando na bolsa, diminui também a perspectiva de lucro da empresa que a administra. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, os estrangeiros investiram em torno de US$ 20 bilhões na Bovespa neste ano. Analistas acreditam que, na sessão de ontem, os investidores usaram a taxação como pretexto para se desfazer de suas aplicações e embolsar o lucro obtido nas últimas semanas. Na avaliação de experiente economista de banco de investimento, a queda da bolsa e a alta do dólar são efeitos temporários da tributação do capital estrangeiro. "Não há medida que possa corrigir a tendência atual de queda no câmbio. O Brasil é o mercado mais atraente do mundo. Por isso, o dinheiro continuará chegando." Para ele, os investidores estavam testando um novo piso para a moeda americana e vão continuar fazendo isso até que se chegue a R$ 1,40.

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