Economia

Redução do desemprego ainda não indica recuperação do mercado de trabalho, diz IBGE

postado em 22/10/2009 15:39
A redução da taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país na passagem de agosto para setembro não representa uma recuperação do mercado de trabalho, mas pode estar relacionada ao aumento no número de vagas que geralmente ocorre no fim do ano. A avaliação é do gerente da Pesquisa Mensal de Emprego, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo. [SAIBAMAIS]De acordo com ele, trata-se de um movimento sazonal. Azeredo destacou que, entre janeiro e setembro de 2009, o número de ocupados aumentou 0,8% em relação ao verificado no mesmo período do ano anterior. O percentual é bastante inferior ao aumento observado entre janeiro e setembro de 2008 na comparação com o igual período de 2007, que foi de 3,5%. "Esse cenário mostra claramente que não temos ainda uma recuperação e sim uma estabilização. Esse comportamento de entrada no mercado de trabalho, responsável pela taxa de ocupação, é sazonal. Geralmente nesta época a gente tem um processo de aumento de circulação de mercadoria, de produção em função do fim do ano, um aumento do contingente de ocupados no comércio, com a elevação do consumo principalmente em função do recebimento do décimo terceiro salário. Enfim, toda uma característica de preparação para o escoamento da produção principalmente no último mês do ano", explicou. Conforme o levantamento, a população ocupada totalizou 21,5 milhões de pessoas em setembro. Esse volume representou uma alta de 0,4% na comparação com os dados de agosto e de 0,6% em relação aos de setembro de 2008, movimentos considerados de estabilidade pelo IBGE. Já o contingente de desocupados somou 1,8 milhão de pessoas, com alta de 4,8% na passagem de um mês para outro, e de 1,3% em relação ao ano anterior. O gerente da PME destacou ainda que o levantamento trouxe uma boa notícia para o trabalhador no que diz respeito ao poder de compra. O rendimento médio dos ocupados aumentou 0,6% em relação ao de agosto e chegou a R$ 1.346,70 em setembro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o crescimento apurado foi de 1,9%. De acordo com Cimar Azeredo, esse movimento se deve, em grande parte, ao "aumento do salário mínimo no período, já que boa parte da população tem seus salários indexados a ele". Para ele, um fator preocupante apontado na pesquisa é a redução de 0,3% no número de empregos com carteira assinada, acompanhada de um aumento de 2,0 % no emprego sem carteira assinada de agosto para setembro. "Esse dado é preocupante porque revela uma redução na qualidade do emprego, à medida que a carteira traz a garantia de folga semanal, pelo menos um salário mínimo, férias, seguro-desemprego, entre outros. Quando a gente vê esse cenário se desfazendo, [isso] se torna um pouco preocupante", acrescentou.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação