Economia

Consumidor está mais otimista

Índice de confiança medido pela FGV atinge maior nível desde maio de 2008 e ajuda a consolidar clima de euforia de varejistas para as vendas do Natal

postado em 24/10/2009 11:05
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 2,2% entre setembro e outubro de 2009 e chegou ao maior nível desde maio de 2008, com 113,6 pontos. O brasileiro também nunca esteve tão otimista em relação a emprego. Segundo a pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), 24,7% dos entrevistados disseram acreditar que será mais fácil encontrar trabalho nos próximos seis meses, enquanto 18% acham que será mais difícil. O restante acredita que não haverá diferença. O resultado é o melhor desde o início da série histórica, inciada em 2005. Os dados positivos emprestam ao comércio otimismo suficiente para incrementar a preparação para o Natal e apostar em um 2010 forte em vendas. De acordo com o levantamento da FGV, o quesito que mais contribuiu para o avanço do otimismo em outubro foi a avaliação da situação econômica local. Na comparação com os resultados anteriores, a proporção das pessoas que avaliam o cenário atual como bom elevou-se de 13% para 17,9%. Em contraponto, os que o acham ruim reduziu-se de 32,7% para 28,6%. Para entidades representativas do comércio, os dados da FGV solidificam o clima de euforia e confiança dos lojistas e a expectativa de um Natal de recuperação. Em algumas unidades da federação já se espera um número maior de contratos temporários. "Nós estamos observando esse índice e a nossa taxa de crescimento de vendas dos últimos meses, acreditamos que será um ótimo dezembro. Em relação a contratação de temporários, prevemos 10% mais empregos que em 2008, mas com esses últimos indicadores podemos chegar a 15%", aposta o presidente do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro, Aldo Gonçalves. Temporários No Distrito Federal, a expectativa também é de 15% mais de temporários para o fim do ano e ainda superar a média histórica de efetivações em 5%. "Esses dados vêm corroborar nossas previsões e estimativas. Acreditamos que será o melhor final de ano dessa década", afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF, Antônio Augusto de Moraes. Segundo ele, a orientação para os empresários da cidade é de que preparem os estoques e a decoração para o Natal, a expectativa é de crescimento de 8% nas vendas. O economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), explica que não é somente a confiança do consumidor que deixa o varejista animado, o destravamento do crédito no segundo semestre do ano é um dos principais responsáveis pela retomada da economia. Ele afirma que o resultado do índice da FGV projeta um cenário de melhora principalmente para os segmentos de bens duráveis, que são os mais sensíveis a financiamentos. "Obviamente o aumento da confiança do consumidor estimula as taxas de venda até o fim do ano. Ele (o ICC) é realmente significativo para bens duráveis", avalia o economista. Para Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, "o índice mostra que melhorou a confiança do consumidor no emprego e a disposição dele de comprar a prazo. Os outros dados da economia são positivos e já permitem que o comerciante forme seu estoque de Natal". E EU COM ISSO O otimismo do consumidor é uma poderosa força motriz da economia - uma locomotiva, pois indica que o consumo deve aumentar. Se isso acontecer, há um ciclo virtuoso por meio do qual gastos das pessoas provocam novas encomendas das lojas, que causam aumento da produção industrial. Tudo isso garante mais empregos para os brasileiros e prosperidade para o país. Basta não ser acompanhado de inflação. Cheque volta menos As devoluções de cheques por falta de saldo na conta corrente atingiram 1,94%, em setembro. A taxa está 8,4% acima da registrada em igual período do ano passado (1,79%), mas é a menor desde outubro de 2008, quando os bancos devolveram 2,01 cheques a cada cem emissões, segundo dados da consultoria Serasa Experian. No acumulado de janeiro a setembro sobre o mesmo período do ano passado, os cheques sem fundos aumentaram 13,8%, com 20,5 milhões de documentos devolvidos em um total de 924,9 milhões de compensações. Na comparação de setembro com agosto, houve queda de 1% na inadimplência. O gerente de Indicadores do Mercado da Serasa, Luiz Rabi, atribui a melhora nas condições de pagamento à recuperação do mercado de trabalho que vem sendo registrada nos últimos meses com a gradual recuperação da economia. Ele observou que o resultado indica que o país está voltando a mesma situação que tinha antes da deflagração da crise financeira internacional, deflagrada em setembro do ano passado. "Ainda não voltamos integralmente ao ambiente anterior à crise, já que o risco de inadimplência está maior, mas a tendência é caminharmos para uma melhoria", avaliou. Na lista que indica a situação por estados, no acumulado do ano, as localidades do Norte e Nordeste ocupam o topo da inadimplência. O Amapá lidera as devoluções, com 9,62%, seguido por Maranhão (9,41%), Acre (9%), Roraima (8,66%), Sergipe (8,03%) e Tocantins (6,48%). Em sentido inverso, estão os estados do Sul e Sudeste. A menor inadimplência foi constada em São Paulo (1,72%). Em seguida aparecem Rio de Janeiro (1,79%), Santa Catarina (1,93%) , Paraná (2,02% e Minas Gerais (2,08%).

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