Paola Carvalho
postado em 25/10/2009 11:14
Os serviços de telefonia ainda não entraram no pacote de prioridades dos avanços essenciais para o Brasil dar um show de bola na Copa do Mundo de 2014. O número de celulares no país é cada vez maior, assim como uso de voz e dados, sobretudo a internet banda larga. Mais que isso, milhares de estrangeiros desembarcarão no país de posse de aparelhos a serem integrados à rede brasileira. Na corrida contra o tempo, ou melhor, contra panes, operadoras e governo já anunciaram R$ 22,2 bilhões em investimentos e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou que vai intensificar o trabalho de "infraestrutura crítica", especialmente nas cidades que serão sedes dos jogos.
É pouco na opinião de José Luís de Souza, presidente da FITec e diretor da consultoria Teleco. "O governo precisa soltar as amarras, liberar frequências para as operadoras de telefonia oferecerem velocidade banda larga para valer, além de outorgas para a TV a cabo. Só assim as empresas poderão acelerar investimentos", afirma. O Brasil tem hoje 166,1 milhões de celulares, o que representa densidade de 86,67 acessos para cada cem habitantes, de acordo com a Anatel. Estudos da Teleco projetam 200 milhões de celulares e 100% de penetração em 2012, quando praticamente todos os aparelhos estarão conectados à internet rápida.
O número de pessoas com acesso à banda larga (fixa ou móvel) será mais que o dobro dos atuais 70 milhões em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil. A consultoria Teleco, especializada em telecomunicações, projeta 150 milhões de acessos em internet de alta velocidade daqui a cinco anos. Do total, 60 milhões deverão ocorrer pelo celular. Para o diretor da Vivo Marcelo Alonso, com a atual faixa de frequências reservada para a telefonia móvel não será possível atender a demanda prevista. Jarbas Valente, superintendente de Serviços Privados da Anatel, estima que cada empresa terá que investir R$ 1 bilhão em infraestrutura para dar conta da demanda por banda larga móvel nos próximos anos.
A conselheira da Anatel Emília Ribeiro informou recentemente que colocará em votação, na segunda semana de novembro, seu relatório com a proposta de edital de licitação da chamada banda H, para operação da telefonia de terceira geração. O leilão, no entanto, deverá ocorrer somente em abril do próximo ano, de acordo com suas previsões. A conselheira disse esperar do leilão da banda H o mesmo sucesso das licenças de 3G licitadas no fim de 2007, quando foram arrecadados R$ 5,6 bilhões para os cofres do governo. Também estão em andamento a liberação da faixa de 2,5GHz e o lançamento da tecnologia WiMax.
Para o presidente da fundação FITec e diretor da consultoria Teleco, José Luís de Souza, é hora de desonerar a cadeia da telecomunicações de impostos, do serviço ao produto. "A tecnologia 3G (de terceira geração) está aí e pode fazer pela banda larga o que o celular fez para a telefonia no Brasil", diz ele.
Segurança
Preocupados com a confiabilidade dos serviços de telecomunicações para a Copa, a Anatel já iniciou seu projeto de "infraestrutura crítica" para o evento. "Nos Jogos Pan-americano, fizemos um trabalho de identificação das ameaças, físicas ou provocadas pela natureza. Para os próximos anos e para a Copa, conseguiremos evitar que as portas se abram para as ameaças. Teremos não só um diagnóstico, como o que fazer diante das possibilidades do que pode ocorrer", assegura Regina Maria de Felice Souza, chefe da Assessoria Técnica da Anatel e coordenadora do projeto.
A Oi informou que já atuou em grandes eventos, como os Jogos Pan-americanos, e, deste modo, a companhia pretende utilizar toda a sua experiência para a montagem de infraestrutura da Copa e das Olimpíadas. Este ano, a empresa investirá de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões, incluindo as operações integradas com a Brasil Telecom (BrT), recentemente adquirida. A TIM disse que até 2011 segue com o investimento de R$ 7 bilhões no Brasil, a maior parte no "aprimoramento e expansão da rede para o crescimento de tráfego de voz e dados esperados para os próximos anos". A Vivo e a GVT informaram que investem permanentemente em tecnologia e expansão de sua rede, mas não divulgaram o volume específico para a Copa. A Claro e a Embratel não comentam sobre investimento e projeções.