Economia

FMI recomenda que os países ricos reduzam gastos após término da crise

postado em 25/10/2009 11:20
O estudo A strategy for renormalizing fiscal and monetary policies in advanced economies, dos economistas Carlo Cottarelli e Jose Viñas do Fundo Monetário Internacional (FMI), recomenda ações para derrubar o endividamento. Uma das principais sugestões é dar uma reviravolta de 8% do PIB no resultado primário, que resulta do balanço entre receitas e despesas públicas, excluídos os juros sobre os títulos do governo. Hoje, os países ricos têm um deficit médio de 3,5% do PIB. O FMI pede um superávit de 4,5% por 10 anos. Essa mudança de comportamento permitiria a redução da dívida para 60% do PIB em 20 anos. A nova política demandaria o fim dos estímulos quando a recuperação estiver assegurada, reforma previdenciária e congelamento dos gastos per capita, por exemplo. "Programas sérios de cortes de despesas evitariam o imposto inflacionário (1), tornariam desnecessário elevar os juros e dariam mais confiança aos investidores de que as dívidas serão pagas e a estabilidade da moeda, mantida. Tudo isso incentiva o consumo das famílias e os investimentos das empresas", afirma Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB. Para ele, o setor privado ainda não dá conta de segurar a recuperação econômica sozinho: o crédito ainda não voltou aos tempos pré-crise e o emprego e a renda continuam caindo nos países desenvolvidos. "Os governos vão ter que fazer um forte ajuste fiscal para reequilibrar as contas ao longo dos anos. Mas seria prematuro extinguir os incentivos agora", diz Fernando Sampaio, sócio-diretor da LCA Consultores. Numa reunião em Bruxelas, na sexta-feira, os líderes da União Europeia decidiram estabelecer o prazo de 2011 para começar a cortar os deficits públicos num ritmo de 0,5 ponto percentual por ano. Os participantes concluíram que os estímulos fiscais e monetários só devem ser retirados após um cenário econômico mais tranquilizador. Também na sexta, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, atribuiu a recuperação global à ação coordenada sem precedentes, mas advertiu que a crise não acabou. "A atividade econômica ainda depende dessas políticas. Um fim prematuro do apoio pode matar a recuperação", disse. 1- Corrosão Imposto inflacionário é a perda do poder de compra da moeda nacional causada pela inflação. Ele afeta principalmente os mais pobres. A tentativa de repor esse valor pela emissão de mais dinheiro pelo Banco Central funciona como uma transferência de renda da população para o governo, o que equivale à cobrança de um tributo qualquer. A corrosão da moeda ajuda o governo ao diminuir o valor real de suas despesas, facilitando o fechamento das contas. Nos anos 1980, os desequilíbrios fiscais estruturais no Brasil ficavam mascarados pela hiperinflação.

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