Economia

Escolas faturam com aluguel de instalações para concursos públicos

postado em 26/10/2009 08:31
Nos bastidores da organização dos concursos públicos, diversas instituições de ensino se beneficiam de uma generosa fatia desse mercado: a locação das instalações para aplicação das provas de seleção dos futuros servidores públicos. Com o crescimento do número de órgãos precisando reforçar e renovar os quadros, as oportunidades cresceram tanto para as faculdades, universidades e escolas que já atuam nessa área quanto para as de menor porte. Os rendimentos dessas ações reforçam o caixa e ajudam a investir em equipamentos. [SAIBAMAIS]Os procedimentos de locação independem do tamanho da instituição. Pelo menos dois meses antes da data marcada para as provas, a organizadora do concurso entra em contato com as escolas e faculdades pedindo uma avaliação prévia de disponibilidade de agenda e o número do candidatos que cabem adequadamente naquele local. Todos esses cuidados são necessários para evitar problemas, como o que ocorreu com o Ministério da Justiça, organizado pela Funrio em 6 de outubro. Na ocasião, a falta de informações e erros na distribuição dos candidatos contribuiram para o cancelamento da prova e a sua reaplicação três semanas depois. Em concursos públicos, os candidatos só são informados onde farão as provas de 15 a 20 dias antes de sua realização, por uma questão de segurança, segundo as entidades organizadoras. De acordo com o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), da Universade de Brasília (UnB), a reserva dos locais tem início após a divulgação do edital de abertura. O critério inicial é uma projeção sobre o possível número de inscritos. Após essa etapa, é feita a distribuição dos candidatos nas salas. Os contratos com os espaços de aplicação das provas são feitos com a garantia de direitos e deveres de cada parte. "Há contratos em que cedemos só o local. Em outros casos, estão inclusos alguns funcionários para auxiliar na fiscalização. Depende do que a organizadora precisa", explica Luiz Putti, assessor administrativo do Distrito Federal do Centro Universitário UDF. Lá, de acordo com Putti, há espaço para cerca de oito mil candidatos nas duas unidades da Asa Sul. "Nosso espaço é favorável para concursos públicos por ser uma faculdade horizontal, facilitar a acessibilidade e a fiscalização." Só este ano, 25 seleções ocuparam as salas do UDF. Aeronáutica Desde o ano passado, o Centro Educacional Horacina Cota Preta (Cecap), no Lago Sul, abriu suas portas para concursos públicos. A instituição tem mais de três décadas de tradição em educação infantil, fundamental e nível médio. No mesmo prédio, também funciona uma faculdade. Todos são geridos por uma mesma mantenedora. Por meio de uma licitação, o Cecap passou a ser um dos locais onde o Comando da Aeronáutica realiza suas provas de seleção. "Só somos responsável por ceder o local. Um funcionário nosso acompanha todo o processo, mas o prédio deve estar liberado às 22h de sexta-feira quando as provas são sábado e a chave é devolvida na segunda-feira de manhã. Fica tudo isolado por medida de segurança", conta Kátia Carneiro, diretora do Cecap. Para o último trimestre de 2009, quatro seleções estão previstas para o local. As instituições de ensino não revelam o quanto ganham com a locação dos espaços mas admitem que é um bom negócio. "Vale a pena realizar concursos públicos. O prédio ficava fechado e inútil aos sábados e domingos", diz Kátia, que afirma que o Cecap está aberto a outras organizadoras. A receita obtida pelo Cecap é enviado diretamente para mantenedora, que reinveste na manutenção do prédio, em equipamentos e tecnologia. Escolas públicas As escolas públicas também são usadas com frequência para concursos. Nesse caso, o procedimento é um pouco diferente. As organizadoras interessadas procuram a Secretaria de Educação, que encaminham o pedido para as diretorias regionais. A partir daí, é checada a disponibilidade do calendário escolar. "O primeiro contato ocorre com pelo menos 40 dias de antecedência das provas", relata Élida Cristina Melo, diretora da Regional do Núcleo Bandeirante. "Ficamos responsáveis pela segurança e boas instalações e recebemos uma ajuda de custo para manutenção das escolas." As escolas públicas do DF recebem entre R$ 400 e R$ 600, o que depende do número de inscritos.

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