postado em 01/11/2009 14:27
Depois de investir em ações, o juiz do trabalho Daniel Cordeiro Gazola decidiu aplicar seu dinheiro em commodities agrícolas, especificamente em boi gordo, café, milho e soja. Mineiro de Belo Horizonte, ele confere diariamente as cotações da arroba do animal e das sacas dos grãos, avalia as notícias e liga para a corretora de valores para dar respaldo à sua análise e emitir a ordem de compra ou venda. Ele está atrás de alto retorno financeiro a curto prazo, mesmo sendo o risco elevado. %u201CComo os preços são muito voláteis, compro e vendo os contratos em prazo médio de uma semana. Não tenho nada a ver com soja ou boi, mas, com pouco recurso, dá para ganhar um bom dinheiro%u201D, diz.
Os derivativos agrícolas nasceram da necessidade de os empresários do campo se protegerem das oscilações dos preços. Mas também podem ser usados para investimento da pessoa física. Por não oferecer garantia de retorno devem, porém, ser considerados como investimentos de risco. %u201CCommodities têm algumas vantagens em relação às ações. A primeira, e talvez a maior delas, é a alavancagem, ou seja, investir com menor volume de recursos e ter grande potencial de retorno%u201D, explica o analista da XP Investimentos, Tito Gusmão. Na prática, consegue-se investir R$ 1,5 mil em um contrato de boi de R$ 26 mil, por exemplo. Se a valorização for de 10%, o investidor pode embolsar R$ 2,6 mil. %u201CPor outro lado, se houver desvalorização, você pode ficar até devendo. Ao contrário de ações, a ideia não é formar patrimônio, mas sim ganhar dinheiro a curto prazo%u201D, afirma Gusmão.
O mercado de derivativos surgiu quando 82 dos maiores comerciantes de grãos de Chicago, nos EUA, uniram-se para criar uma bolsa organizada, a Chicago Board of Trade (CBOT). O objetivo era promover o comércio e definir um local para a negociação de commodities. A criação da Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BMSP), em 1917, foi o ponto de partida dos derivativos no Brasil. Hoje, os negócios estão concentrados na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM).
Em setembro, a bolsa movimentou R$ 3,3 bilhões, segundo o gerente de serviços em commodities da BM, Luiz Cláudio Cassagni. %u201CA primeira função dos derivativos é proteger o produtor agrícola. Mas, se o investidor que não está ligado à cadeia do agronegócio quiser aplicar, tem que saber que está correndo risco%u201D, afirma Cassagni.
O sócio da gestora de recursos DLM Invista Marcelo Domingos concorda. %u201CSó recomendo essa operação para um profissional qualificado. Se um investidor pessoa física realmente quiser, deve ter conhecimento e o apoio de uma corretora%u201D, destaca.