Economia

Turista "reduz" lembrancinhas

Para manter lucro, comerciante diminui tamanho dos souvenirs

postado em 05/11/2009 08:10

Caiu o gasto do brasileiro em viagens dentro do país. O turista doméstico reduziu o orçamento das férias em 9,03% entre 2007 e 2009. Os gastos menores não significaram que os consumidores deixaram de conhecer o país, mas a redução afetou principalmente as lembrancinhas e presentes, que perderam tamanho ou deixaram de ser comprados.

Considerado supérfluo por quem está com um planejamento de viagem mais limitado, o segmento registrou queda de 25,7% em dois anos. Os dados são da Pesquisa de Hábitos de Consumo do Turismo do Brasileiro, divulgados ontem pelo Ministério do Turismo (MTur).

Para o comerciante Alexandre Lisboa da Silva, 32 anos, o brasileiro está mais comedido. ;Antes, havia uma sobra maior no orçamento para viagens, agora ficou um pouco mais apertado;, avalia. Aproveitando a milhagem acumulada no cartão de crédito, ele comprou passagens aéreas e passou o feriado de Finados em Florianópolis (SC), ao lado da esposa, Ana Brasil, 32, e da filha Alissa, de 1 ano e quatro meses. Hospedou-se na casa de amigos, economizando ainda mais. ;Nosso gasto maior foi com alimentação;, revela.

Segundo o ministro do Turismo, Luiz Barreto, a diminuição dos gastos se justifica por dois fatores: a crise financeira e o crescente fluxo de turistas de renda mais baixa. ;Não só a base aumentou muito, mas também é possível que, com a crise econômica, o brasileiro tenha se planejado mais. Como o horizonte deste ano era menos otimista, ele pode ter ficado mais precavido;, acredita o ministro. Para o coordenador da pesquisa, o diretor de Marketing do MTur, Márcio Nascimento, as perdas nos gastos podem ser recuperadas no ganho em escala, já que houve um incremento de 19,3 pontos percentuais na quantidade de novos viajantes. Parte desse contingente seria de pessoas da classe C, o que justificaria o recuo nos gastos. ;Como esse novo público tem um orçamento mais apertado, gasta menos;, explica Nascimento.

[SAIBAMAIS]As estatísticas, porém, revelam que os hábitos de consumo dos viajantes ainda têm traços elitistas. A pesquisa constata, por exemplo, que o brasileiro prefere pagar suas viagens à vista. ;Realmente, esse é um hábito das classes A e B, que financiam menos;, reconhece o ministro. A escolaridade também continua elevada ; a maioria dos clientes (51,3%) que viajou nos últimos dois anos tem curso superior. ;O que a gente pode observar é que a maior parte dessa clientela tem uma renda maior;, concorda Márcio Nascimento. De acordo com a sondagem, as classes A e B representam 64,5% do total de contratantes desse tipo de serviço.

Artesanato
A parcimônia do turista foi verificada nos cinco quesitos da pesquisa relacionados a orçamento ; todos revelam um brasileiro com gastos menores. Comparado com 2007, o turista gasta menos com hospedagem e transporte (-11,5%), alimentação (-13,1%), passeios turísticos (-13,3%), presentes (-25,7%) e deslocamentos locais (-5,1%). Segundo o comerciante Luiz Elias Campos Filho, 44 anos, oito deles dedicados à venda de artesanato na Torre de TV de Brasília, a procura por seus produtos registrou uma queda expressiva entre 2007 e 2009. ;Cerca de 70% das vendas são para turistas, mas, de uns dois anos para cá, caiu bastante;, afirma.

O casal de aposentados Delorge Gomes Borba, 66, e Silvya Mascolo Borba, 58, viajou pela primeira vez de avião. Saíram de Porto Alegre (RS) na semana passada para passar uns dias em Brasília e assistir ao casamento de uma sobrinha. ;Agora que eu vi como é, vou tentar fazer mais viagens de avião;, conta Delorge. A família Borba é representante do novo perfil detectado pela pesquisa do MTur: viajam em companhia de filhos e cônjuges; dão preferência a transportes terrestres; têm a praia como destino favorito; e preparam os passeios com, pelo menos, 15 dias de antecedência.

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