Economia

Venda de títulos públicos a pessoas físicas cresce 50% em outubro e atinge R$ 141 milhões

postado em 14/11/2009 08:23
Nunca antes o pequeno investidor adquiriu títulos da dívida pública com tamanha vontade quanto como agora. Dados divulgados ontem acerca do programa Tesouro Direto ; que reúne conjuntos de papéis para aplicações de menor valor ; mostraram que, até outubro, o montante financeiro vendido a esses investidores somou R$ 1,346 bilhão. Foi o melhor resultado para os 10 primeiros meses do ano desde o lançamento do Tesouro Direto, em 2002.

Apenas em outubro, o valor arrecadado pelo governo com papéis ofertados a pequenos investidores chegou a R$ 141,69 milhões. Sobre os R$ 94,16 milhões vendidos em setembro, houve aumento nominal (sem descontar a inflação) de 50,4%. Mas inferior 45,3% ao montante ofertado no décimo mês de 2008, quando o governo registrou recorde para vendas em um só mês do Tesouro Direto, no valor de R$ 259,07 milhões.

O número exorbitante de vendas em outubro de 2008 se deve à quebra do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em 15 de setembro, fato que desencadeou a crise que tomou de assalto economias em todo o mundo. Como é de costume, em momentos de grande incerteza, há um aumento natural da procura por investimentos de menor risco. E também aversão às aplicações mais suscetíveis às oscilações de mercado e temor de quebra generalizada de empresas.

; Memória
Incentivos necessários

A consolidação do Tesouro Direto como opção de investimentos é praticamente uma obsessão do governo federal, que nos últimos anos vem empreendendo ações no mercado para aumentar os adeptos do programa. O último movimento nesse sentido ocorreu em 15 de setembro, durante lançamento, em Brasília, do site do simulador do Tesouro Direto. À época, o governo revelou ter pago R$ 500 mil em ;incentivos; a bancos e corretoras que se dispuseram a integrar o grupo de agentes de custódia (instituições responsáveis pela guarda dos ativos adquiridos) que operam o Tesouro Direto, direcionado ao investidor comum brasileiro. Dez bancos e corretoras, de um total de 28 selecionados, receberam do Tesouro R$ 50 mil para aderir ao programa. ;O incentivo foi para cobrir parte dos custos da operação, entre R$ 50 e R$ 80 mil;, informou, na ocasião, o secretário adjunto do Tesouro no Ministério da Fazenda, Paulo Valle. (DB)

; Crise amplia negócios

A combinação de instabilidade nos mercados e sanha por lucros ainda que pequenos fez com que o Tesouro Direto registrasse durante a crise o melhor desempenho de toda sua história. No último trimestre de 2008, o total arrecadado com a venda desse tipo de papéis somou R$ 599,5 milhões. O número corresponde a 77,3% de tudo o que foi vendido com o programa durante o ano de 2007. Também a dívida pública cresceu, tamanha a procura por esses papéis. Até outubro último, o estoque de dívida emitida pelo Tesouro Direto somou R$ 3,079 bilhões. Foi o segundo maior estoque de dívida. O economista da LCA Consultores Homero Guizzo explica que essa maior procura pelo programa reflete a queda de rendimentos dos fundos de investimentos, com rentabilidade definida pela taxa básica de juros (Selic), que, desde a crise, caiu cinco pontos percentuais, para 8,75% ao ano. ;Com a queda de rentabilidade, os fundos acabaram ficando mais caros que as aplicações do Tesouro Direto, que pagam o mesmo tanto ou até mais que os fundos aos investidores. Mas é uma aplicação que ainda deve se valorizar bastante;, contou. (DB)

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