Economia

Diplomacia é uma das carreiras mais cobiçadas no setor público

No entanto, ingresso no Itamaraty requer formação e disciplina

postado em 30/11/2009 09:24
Bruna, diplomata, foge à regra. Ela foi aprovada em 2007 e iniciou a vida profissional no Ministério das Relações Exteriores com 23 anosQue tal um emprego público bem remunerado, que inclui viagens ao exterior representando o Brasil e contato com diversas culturas? É uma proposta tentadora, que atrai milhares de candidatos todos os anos. Trata-se da carreira diplomática, um dos cargos mais cobiçados do serviço público e que tem ganhado destaque à medida que o Brasil ganha visibilidade internacional.

O edital de seleção de 2010 foi lançado no início de novembro pelo Ministério de Relações Exteriores e oferece 108 vagas. O caminho até o Instituto Rio Branco ; órgão responsável pela formação dos diplomatas ; exige formação, disciplina e dedicação. Alguns candidatos levam até quatro anos ou mais se preparando para superar as quatro fases do concurso. O conteúdo programático tem uma extensa lista de matérias cujas questões exigem conhecimento profundo.

A maratona da próxima seleção começará em 24 de janeiro, quando serão aplicados os exames objetivos (veja quadro). Todo o processo se estende, normalmente, por sete meses. Hoje há 1.489 diplomatas na ativa e a tendência é que o país precise cada vez mais de representantes ao redor do mundo. No exterior, são 90 embaixadas, 36 consulados, 15 vice-consulados e sete missões junto a organismos internacionais. Ou seja, há muito trabalho tanto para os diplomatas quanto para os demais cargos (assistentes e oficiais de chancelaria).

O professor Carlos Henrique Cardim é diplomata desde 1976 e defende que a principal função da carreira é a defesa do interesse nacional e o conhecimento tanto de história quanto de geografia e da política internacional. ;A diplomacia tem uma série de ações informais, mas que tem por função final um documento escrito, por isso é importante que o diplomata tenha bom domínio do português;. Além disso, Cardim, que está no mais alto posto da carreira ; embaixador ;, afirma que, na atual posição que o Brasil ocupa no mundo, novas demandas exigem a excelência do trabalho de chancelaria. ;Hoje se vê uma abrangência maior de assuntos. É difícil dizer o que é internacional e o que é nacional;, salienta

Para ingressar na diplomacia, o candidato deve ter nível superior em qualquer área de formação. Dados do Ministério do Planejamento mostram que a idade média dos terceiros-secretários ; estágio inicial da diplomacia ; é de 28 anos e 47,2% dos ativos têm menos de 40 anos.

A internacionalista Bruna Vieira é uma das 301 diplomatas que passaram a fazer parte dos quadros do Itamaraty desde 2005. Formada há três anos, dedicou um ano exclusivamente à preparação para as provas e foi aprovada na primeira tentativa, em 2007, aos 23 anos.

A rotina da brasiliense formada pela UnB contabilizava, naquele tempo, 12 horas diárias de estudo. ;O conteúdo é extenso e isso foi complicado. Não adiantavam só aulas no cursinho, tive que aprofundar mais o que aprendi no curso de relações internacionais;. Ela comenta que, com a maratona de estudos, a prova não se tornou um bicho de sete cabeças. ;Quando foi a vez de fazer a prova para valer, estava tranquila e confiante;.

O prazo de adesão para concorrer a uma das 108 vagas de 2010 termina em 13 de dezembro. No www.cespe.unb.br, os interessados encontram o formulário de inscrição. Após preenchê-lo, devem emitir o boleto no valor de R$ 120.

Bolsa para afrodescendentes
Uma parceria entre o Instituto Rio Branco e o Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) concede, desde 2002, a bolsa-prêmio de vocação para diplomacia para afrodescendente. O benefício de R$ 25 mil para cada candidato aprovado na seleção é parcelado ao longo de 10 meses e se destina a custear a preparação para o concurso, principalmente com a compra de livros, pagamento de cursos de formação e aulas particulares.

O selecionado também é autorizado a usar 30% do valor para pagar moradia e transporte. Com essa ajuda, os aspirantes ao Itamaraty podem deixar de dividir o tempo entre trabalho e estudo.

Em todas as suas edições, o programa atendeu a 243 bolsistas e 15 deles foram admitidos no instituto, sendo quatro no concurso de 2009. Mais de 50 bolsas serão concedidas em 2010. Os candidatos são escolhidos a partir do desempenho na seleção, que tem duas etapas: na primeira é medido o conhecimento acadêmico com prova objetiva e duas redações (uma em português e outra em inglês). Na fase seguinte ocorrem a análise da documentação e a entrevista técnica com uma comissão interministerial.

Este ano, foram 109 vagas para bolsista e 9.109 adesões. A ajuda financeira pode ser concedida por até três anos consecutivos aos candidatos. O edital deixa claro que, para concorrer, é preciso ter mais de 18 anos, ser brasileiro, se declarar afrodescendente e elaborar, no ato da inscrição, uma redação sobre a experiência pessoal do candidato como afrodescendente e sobre os motivos pelos quais pretende ser diplomata. Também é preciso elaborar um plano de estudos e um cronograma detalhado dos gastos previstos para os recursos da bolsa.

O número
R$ 25 mil -
Valor da bolsa que o Instituto Rio Branco oferece para candidatos afrodescendentes se prepararem para a disputa


Etapas da seleção

# Regras
Vagas: 108 para nível superior em qualquer área de formação
Salário: R$ 12.413
Inscrições: até 13 de dezembro
Taxa: R$ 120

# Fases:

1;) Prova objetiva com questões de português, história
do Brasil, história mundial, geografia, política
internacional, inglês, noções de economia, direito e direito internacional público. Os 300 mais bem
colocados seguem para a etapa seguinte

2;) Prova discursiva de português: elaboração de
redação e dois exercícios de interpretação, análise
ou comentário de textos

3;)
Prova discursiva: história do Brasil, geografia,
política internacional, inglês, noções de economia, de
direito e de direito internacional público

4;) Prova discursiva (classificatória): espanhol e francês

# Cronograma
Inscrições: até 13 de dezembro

Provas objetivas (1; fase): 24 de janeiro, nos locais
divulgados no edital
Prova discursiva de português (2; fase): 21 de fevereiro
Prova discursiva de história do Brasil (3; fase): 24 de abril
Prova discursiva de geografia (3; fase): 25 de abril
Prova discursiva de inglês (3; fase): 1; de maio
Prova discursiva de espanhol (4; fase): 1; de maio
Prova discursiva de política internacional (3; fase): 2 de maio
Prova discursiva de noções de economia (3; fase): 8 de maio
Prova discursiva de noções de direito e direito internacional
público (3; fase): 9 de maio

Prova discursiva de francês (4; fase): 9 de maio

Resultado final: 16 de junho

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