TÓQUIO - O governo japonês anunciou nesta segunda-feira um novo plano de estímulo de mais de 30 bilhões de dólares para garantir a saúde de sua economia e combater a disparada de sua moeda, o iene.
"O governo e o primeiro-ministro têm consciência da necessidade de tomar medidas em relação à alta do iene e às consequências disto no mercado. Estas serão de pelo menos 2,7 bilhões de ienes (31 bilhões de dólares)", declarou o portavoz do governo, Hirofumi Hirano.
A ampliação das medidas de estímulo da economia japonesa é a primeira aplicada pelo primeiro-ministro de centro-esquerda Yukio Hatoyama desde sua chegada ao poder, em setembro, e valerá para o atual ano fiscal, que termina em 31 de março de 2010.
É o segundo plano de estímulo decidido no Japão neste exercício fiscal. O primeiro, de aproximadamente 15 bilhões de ienes (173 bilhões de dólares), foi lançado pelo então premiê conservador Taro Aso.
Por outro lado, o novo governo bloqueou 2,9 trilhões de ienes (33,5 bilhões de dólares) do primeiro plano, que eram destinados a combater o gasto excessivo do governo.
O governo de Hatoyama acusa os conservadores de ter dilapidado os cofres públicos com uma péssima gestão administrativa e obras inúteis de infraestrutura.
O vice-primeiro-ministro Naoto Kan, por sua vez, explicou que o novo plano de estímulo "superará as quantidades congeladas no primeiro orçamento adicional".
Antes, havia explicado que o novo pacote seria dedicado principalmente a apoiar o emprego e a proteção ao meio ambiente.
O governo japonês pode prolongar até dezembro de 2010 o sistema de "ecopontos", um incentivo financeiro proposto aos japoneses para que troquem seus aparelhos de televisão e ar condicionado por modelos mais novos e de menor consumo energético.
Após 12 meses de recessão - a mais longa enfrentada pelo país desde o fim da Segunda Guerra Mundial -, a economia japonesa voltou a crescer no segundo trimestre de 2009.
As autoridades temem, no entanto, que esta reativação econômica seja atrapalhada pela disparada do iene em relação a outras moedas, principalmente o dólar. A moeda japonesa alcançou sua maior cotação em relação à americana em 14 anos.
A força do iene prejudica a competitividade das indústrias exportadoras do país, ao encarecer os produtos fabricados no Japão vendidos em todo o mundo.
Este gasto adicional, entretanto pesará ainda mais nos cofres do Estado japonês, que já tem uma enorme dívida pública provocada pela série de grandes pacotes de estímulo lançados para recuperar a economia japonesa da "década perdida" dos anos 90.
O déficit público japonês chegou a 864,5 trilhões de ienes no final de setembro, o que representa cerca de 180% do PIB previsto para o ano fiscal 2009, segundo dados do ministério das Finanças.