postado em 07/12/2009 08:00
As próximas semanas serão marcadas por uma maratona de provas de concursos públicos. Serão 19 avaliações de órgãos da União e do Governo do Distrito Federal reunidas em dezembro e janeiro, totalizando quase 40 mil vagas. Especialistas na área desaprovam a concentração de exames em um perÃodo tão curto de tempo. Para eles, se houvesse uma distribuição homogênea dos exames durante o ano, seria possÃvel evitar problemas de logÃstica tanto para os organizadores quanto para os candidatos. Além disso, preservaria a qualidade dos testes e dos candidatos avaliados.
Serão oito semanas de provas com apenas dois fins de semana livres: um, entre o Natal e ano-novo (26 e 27 de dezembro), outro, em 2 e 3 de janeiro. Em média, serão três avaliações importantes em cada sábado ou domingo. O adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o fim de semana que passou, depois das suspeitas de fraude, fez com que a concentração de concursos aumentasse.
Provas como a de auditor fiscal da Receita Federal, do Instituto de Patrimônio Histórico e ArtÃstico Nacional (Iphan) e de procurador do Ministério Público do Trabalho foram adiadas em uma semana e serão realizadas em 12 e 13 de dezembro. O cancelamento da prova de nÃvel médio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), há dez dias, também contribuiu: será reaplicada no próximo dia 20.
"O acúmulo de provas e toda a correria são desnecessárias. Levam à improvisação dos órgãos e só prejudica as seleções", critica o presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac) e diretor da Vestcon, Ernani Pimentel. "Muitos candidatos se sentem desestimulados e a qualidade daqueles que serão avaliados acaba caindo", acrescenta.
Taxas demais
A pressa tem mais uma motivação: as instituições querem nomear os aprovados antes do impedimento da lei eleitoral. Isso quer dizer que, até o fim de junho de 2010, a maioria dos concursos que têm provas agora precisa ser homologada. Do contrário, a convocação ficará para 2011. O Instituto Rio Branco é um exemplo. Normalmente, a prova objetiva é aplicada no inÃcio de março e são necessários, em média, de seis a sete meses para que sejam realizadas as quatro etapas de seleção. Desta vez, as provas serão em 24 de janeiro, praticamente dois meses antes.
Em outros casos, como o do Banco Central, a demora na autorização das vagas pelo Ministério do Planejamento deixou o cronograma ainda mais apertado. As negociações começaram no inÃcio de 2008 e a liberação só ocorreu no fim de julho deste ano. As provas serão em 31 de janeiro e o curso de formação - segunda etapa do processo - ocorrerá nas três primeiras semanas de junho.
Essa situação prejudica a todos, na opinião de José Wilson Granjeiro, do Gran Cursos. "Todos perdem. Os candidatos não podem estar em dois lugares ao mesmo tempo nem se prepararem para tantas provas de uma só vez. Há ainda os que não terão dinheiro para pagar tantas taxas de inscrição e as escolas não conseguirão formar grandes turmas devido à confusão", enfatiza. Apesar dessas ressalvas, Simão Szklarowzky não se intimidou. Ele está inscrito em 12 das 19 seleções previstas.
Os dois especialistas concordam que o ideal seria um planejamento mais eficiente quando se trata de seleção de servidores. "O melhor seria que houvesse um planejamento anual para que todos soubessem que provas teriam ao longo do ano", diz Granjeiro. Ernani Pimentel vai além: "Cada órgão deveria planejar as seleções por quatro ou cinco anos, evitando situações como essas".
Ouça entrevista com o professor José Wilson Granjeiro, do Gran Curso, que comenta o aumento da procura por cursos preparatórios em janeiro e dezembro