Jornal Correio Braziliense

Economia

Empréstimo caro aos pequenos empresários

A demanda das empresas por crédito, importante termômetro do aquecimento da economia, está em baixa. Pesquisa que avalia a disponibilidade e o acesso ao dinheiro por parte de pessoas jurídicas mostra que a procura por empréstimos caiu pela quarta vez consecutiva em novembro ao registrar recuou de 4,2% frente a outubro, segundo o Indicador Serasa Experian. Apesar do desempenho ruim na avaliação mensal, comparado com igual mês do ano passado, o índice marcou a primeira variação positiva do ano: 0,4%. De acordo com a consultoria que divulgou a pesquisa, o resultado é insignificante. No acumulado do ano, o tombo é de 5,1%. [SAIBAMAIS]A trajetória negativa na procura por crédito, conforme analistas, indica empresas se financiando à margem do sistema financeiro e evitando a realização de investimentos. Tal queda na demanda foi influenciada pelas médias e pequenas empresas que, desde o início da crise financeira internacional, no fim de 2008, sentiram mais pesadamente um estrangulamento do crédito. Com os recursos mais escassos no país, deu-se início a uma "concorrência entre as empresas por recursos", disputa que foi vencida pelos grandes empreendimentos. "Quem não conseguiu recursos está se financiando através de operações entre empresas. Se você não consegue crédito na rede bancária, negocia prazo maior com seu fornecedor. É o chamado crédito mercantil", explicou o gerente de indicadores da Serasa Experian, Luiz Rabi. "Outra opção é a capitalização por parte dos acionistas ou sócios das empresas. Eles precisaram injetar mais dinheiro nos empreendimentos neste ano", emendou. Na avaliação de Rabi, para o mercado voltar ao normal, é necessário o restabelecimento do crédito internacional que, na maioria dos casos, oferece capital a juros menores que o ofertado por instituições financeiras do país. "Enquanto não houver essa recuperação, uma parte do funding (financiamento) da rede bancária não vai melhorar. Hoje, o dinheiro ainda está barato lá fora, mas ninguém quer emprestar", avaliou o gerente da Serasa Experian.