Economia

Brasileiros descobrem espumantes e abandonam hábito de degustar a bebida somente em eventos especiais

postado em 20/12/2009 08:41
O champanhe e o espumante ganham, a cada dia, mais espaço na cultura brasileira e deixam de estar restritos às confraternizações de fim de ano. A comercialização desses produtos aumentou 14% de janeiro a outubro deste ano comparado com igual período de 2008. Foram 6,5 milhões de litros da bebida colocados no mercado antes da época que concentra o pico de vendas do segmento: nos dois últimos meses do ano são vendidos 40% de todo espumante comercializado no país. A concentração de vendas próximo ao Natal e Reveillon já foi maior. O período chegou a representar 70% dos negócios anuais, entretanto, segundo especialistas, nos últimos sete anos o brasileiro tem degustado a bebida em outras ocasiões. "Desde 2002, as vendas vêm crescendo a uma taxa superior a 10% ao ano. Está havendo uma alteração cultural interessante. O consumo de espumante, que era sazonal, mudou bastante, passou a estar incorporado a eventos de happy hour e não somente a grandes motivos de comemoração", afirma o diretor executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani. Se o brasileiro passou a consumir espumantes em maior escala, também está dando preferência ao produto nacional. De cada quatro aquisições da bebida, três garrafas foram fabricadas sob a bandeira verde e amarela e somente uma foi importada. "O Brasil começa a conhecer o espumante e a valorizar o produto. Ninguém fala mal do nacional, que é tão bom quanto os franceses. Podemos competir com qualquer país", avalia o enólogo Lucindo Copat, diretor técnico da Salton, vinícola que detém 40% do mercado nacional de espumantes. A competitividade destacada por Copat foi colocada à prova por diversas vezes. A última ocorreu em novembro, no concurso de degustação Effercescents du Monde - realizado na cidade de Dijon, na França. Os espumantes brasileiros disputaram o gosto dos jurados com 24 países e levaram três medalhas de ouro e seis de prata. "Nosso produto é muito bom. Temos um clima propício e boas condições para produção de uva. Não perdemos em nada para ninguém", comenta Copat. Café da manhã A despeito do mercado de espumantes se expandir a taxas expressivas anualmente, comparado com o consumo de outros países, o brasileiro bebe pouco. Enquanto na Europa a ingestão fica entre três e quatro litros per capita em um ano, no Brasil se resume a 0,05 litro. "O alemão e o francês tomam muito champanhe. Costumam beber durante o café da manhã nos hotéis. Na América do Sul só vi isso no Chile", relata o enólogo da Salton. Segundo especialistas, por ser uma bebida leve, o espumante combina perfeitamente com regiões onde o calor é intenso e, por isso, está em expansão no Brasil. A dica de enólogos para quem quer começar a degustar e não tem o hábito é que inicie pelos mais doces. O tipo moscatel é uma opção. O consumo dele é o que mais cresceu nos últimos anos - em 2009, as vendas devem ser 22% maiores que no ano passado. "O brasileiro está descobrindo o espumante, a prova disso é que as estatísticas aumentam mês a mês. Temos um crescimento sustentável e muito espaço para avançar", disse Paviani. Espumante é champanhe? A diferença está no nome. Somente os espumantes produzidos na região francesa de Champagne podem levar este nome. Nos demais países e regiões fabricantes, a bebida recebe outras denominações. Na Espanha é conhecida como cava. Na Itália, spumante. E, nos Estados Unidos, sparkling wine. Brasil e Portugal preferem "espumante".

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