Economia

IOF sobre compra de títulos é inócuo

Participação de estrangeiros na aquisição de papéis do Tesouro Nacional cresce após introdução da taxa de 2%. Característica de longo prazo é um fator favorável

postado em 23/12/2009 08:46
A cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos estrangeiros no Brasil não teve efeitos no que diz respeito à compra de títulos públicos. A tributação de 2% sobre a movimentação não reduziu o fluxo de capital externo interessado nos papéis do governo federal. Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, ocorreu o contrário: a participação do dinheiro vindo de fora no estoque da dívida federal subiu. De outubro para novembro, a parcela aumentou um pouco, de 7,63% do total para 7,77%. Em valores nominais, passou de R$ 101 bilhões para R$ 104 bilhões.

;Tradicionalmente, os investidores estrangeiros se interessam mais por títulos de longo prazo. No papel com vencimento em 2017, por exemplo, o retorno é de 13%. Mesmo com o imposto de 2%, a rentabilidade compensa;, explicou ontem o coordenador da Dívida Pública, Fernando Garrido. Os compradores do título de 2017 são, em grande maioria, fundos externos. Segundo Garrido, a cobrança do IOF é significativa em prazos curtos, como seis meses, em que o rendimento fica perto de 6%. Diante do interesse estrangeiro, o governo espera que a parcela continue a subir, podendo chegar a 10% nos próximos anos. No mês passado, o estoque da dívida subiu 1,32%, atingindo R$ 1,49 trilhão.

O coordenador acredita que eventuais incertezas sobre os resultados das eleições presidenciais no ano que vem não afetarão a administração dos débitos federais. ;O cenário político será irrelevante para a rolagem da dívida. Temos uma menor necessidade de financiamento e um perfil bem melhor do que o dos últimos períodos eleitorais;, disse. Em 2002, com medo de que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva decretasse a moratória se eleito, os investidores evitaram os títulos públicos. A fuga de capitais elevou a cotação do dólar a quase R$ 4. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, tem dito que espera alguma turbulência por causa das eleições em 2010, mas garante que o país está mais forte.

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