Economia

Risco remoto de inflação afasta necessidade de aumentar juros, analisa economista

postado em 26/12/2009 14:30
O economista da Confederação Nacional da Indústria, Marcelo de Avila, não vê necessidade de o Banco Central elevar as taxas de juros nos próximos meses para conter uma possível pressão sobre os preços, devido ao aumento do consumo provocado pela facilidade de crédito, entre outros fatores. Para ele, se houvesse um comportamento explosivo da inflação, a situação poderia ser definida como preocupante, mas como esse risco é remoto, não há necessidade de elevação da Selic, a taxa básica de juros, atualmente em 8,75% ao ano. "Por isso que a gente não acredita e não pensa na necessidade do Banco Central voltar a elevar os juros", alerta, lembrando que mesmo com o crescimento sólido esperado e o aumento da demanda ainda existe uma ociosidade no parque industrial brasileiro. "Existe um crescimento sólido, crescimento de demanda, que poderia trazer preocupação inflacionária, mas por outro lado você ainda tem ociosidade do parque industrial e tem investimentos em curso, como os que estão sendo retomados porque foram engavetados", disse. Para ele, são várias combinações de fatores que fazem com que a inflação não mostre qualquer tipo de pressão. Ele lembra que os preços podem até aumentar um pouco, mas não haverá uma trajetória explosiva que não permita uma ação do Banco Central de exercer uma trajetória ascendente da taxa básica de juros. "A gente não acredita. Pode até ocorrer (elevação da taxa), mas o nosso cenário é de manutenção da Selic", afirmou. Na questão do câmbio, o economista entende que as últimas medidas adotadas pelo Banco Central taxando a entrada de moeda estrangeira no país e aumentando as condições para que as empresas encontrem fontes de financiamento no mercado doméstico, com o lançamento de letras financeiras por parte de bancos locais, são ações que vão apenas atenuar o fortalecimento do real. Ele lembra que a percepção dos investidores mudou para o Brasil, que praticava taxas de juros estratosféricas, pois tinha risco país elevado e precisava atrair capital. Agora, o padrão é outro e inverso, porque mesmo com a crise, os analistas veem o Brasil com estabilidade monetária, fundamentos econômicos sólidos e a forma que o governo tem atuado diante da crise. Diante de tal visão do mercado financeiro sobre o país, segundo ele, é impossível no momento observar uma interrupção da entrada de capital externo. "Primeiro porque o diferencial de taxas de juros ainda é imensa quando você compara os Estados Unidos e o Brasil. Segundo, quando você compara o Brasil com o resto do mundo é um país que está sendo visto, não como forte com crescimento previsto de 5,5%, mas como um crescimento sólido e sustentável no sentido do avanço dos investimentos ao mesmo tempo". Ele porém, não condena as medidas, como a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras, mas alerta que a valorização excessiva do real é preocupante justamente porque tira a capacidade de competitividade da indústria e sobrevaloriza os produtos brasileiros no exterior prejudicando as exportações. Tanto é que Sondagem Industrial do terceiro trimestre ficou claro que a expectativa dos empresários industriais para os próximos 12 meses é que a indústria nacional fique focada no mercado interno, que tem sustentado a recuperação econômica no Brasil.

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