Economia

Aumento do salário mínimo também pode pesar no bolso do brasileiro

postado em 29/12/2009 08:06
O reajuste de R$ 45 no salário mínimo, que passa de R$ 465 para R$ 510 a partir de 1º de janeiro, vai injetar R$ 26,6 bilhões na economia brasileira, contribuindo para o crescimento acentuado do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2010. Bom para uns, nem tão positivo assim para outros. Essa conta, somada a impostos como o IPTU e o IPVA, também vai pesar no bolso dos brasileiros que contratam trabalhadores pelo mínimo como, por exemplo, os empregados domésticos. "Não há dúvida de que haverá aumento da massa salarial disponível na economia e do poder de compra dos trabalhadores", avaliou o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria Econômica. "Isso é muito positivo para a economia brasileira, particularmente para o comércio. Por outro lado, deve-se destacar o impacto na Previdência, que tem peso relevante nas contas públicas." Desembolso Pelos cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 69% dos beneficiários da Previdência, ou seja, 18,5 milhões de pessoas, recebem até 1 salário mínimo por mês. De acordo com o Dieese, o aumento do mínimo representará um desembolso adicional para a Previdência de R$ 10,5 bilhões por ano. Para o economista Alexandre Andrade, também da Tendências, o reajuste deverá ser facilmente absorvido pelos empregadores. "O que deve ocorrer é um aumento generalizado nos outros níveis salariais em função de ganhos de produtividade ocorridos no último ano", ressaltou. Mas observa: "O preocupante é se forem concedidos aumentos acima da inflação durante muitos anos seguidos. A economia brasileira não tem condições de crescer muito tempo acima de 4% ao ano sem produzir distorções consideráveis, como pressão inflacionária e deficit na conta de transações correntes". Domésticos Entre os beneficiados pelo reajuste, há categorias insatisfeitas com o acréscimo de R$ 45 no salário. "Esse aumento não faz justiça à categoria dos trabalhadores domésticos", reclamou Antônio Ferreira Barros, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Distrito Federal e das Cidades do Entorno. Ele diz que são cerca de 110 mil empregados, entre caseiros, domésticos, copeiros, jardineiros etc. "O aumento de R$ 45 não vai produzir desemprego e nem vai mudar a realidade dos trabalhadores, muitos com dificuldades para sustentar suas famílias com um salário desse".

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