Economia

Para empresa sobreviver no mercado é preciso ter boa gestão

postado em 03/01/2010 07:30
Sobreviver no mercado é um desafio para qualquer empresa. Grande ou pequena, a luta para se manter ativa e ter vida longa é travada diariamente em uma batalha que envolve proprietários, acionistas, executivos, empregados, fornecedores e clientes. Com ou sem crise, a dificuldade é intensa. Pesquisa da Fundação Dom Cabral com um universo das 500 maiores empresas do país, segundo os critérios da publicação Maiores e Melhores da Revista Exame, demonstra que 77% desse universo não conseguiram figurar no ranking das maiores por mais de 30 anos. "Precisávamos entender como se dá o processo de longevidade das empresas brasileiras e fizemos o estudo", conta Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral. As informações utilizadas no trabalho eram referentes ao período de 1973 a 2006 e renovadas até 2008. "Queríamos entender o que as firmas sobreviventes fizeram para se manter ativas durante mais de três décadas, pois elas são uma minoria". O estudo concluiu que a vida longa está associada a três fatores imprescindíveis: busca constante por um melhor posicionamento no mercado, preocupação em antever os desafios do futuro e a excelência da gestão com ênfase na renovação dos valores corporativos. "A pesquisa não deixa dúvidas de que a empresa que tem boa gestão, mas não tem capacidade de se renovar, sem interesse em crescer ou preocupação em construir seu futuro, é alvo certeiro da cobiça de outras empresas. Afinal, quem quer ganhar mercado prefere comprar uma empresa bem gerida a outra em que ainda terá que colocar tudo em ordem", diz Arruda. Gestão Para o coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral, um fator que diferenciou o pequeno grupo de empresas que mais duram é a preparação do processo de sucessão do alto comando. "Quando a sucessão é planejada e não há ruptura, percebe-se que os valores da empresa são preservados, porque quem sai trabalha junto com quem irá substituí-lo, em um trabalho de continuidade", observa Arruda. Ele cita um estudo norte-americano em que fica demonstrado que empresas duradouras desenvolvem uma personalidade capaz de ser reconhecida pelo consumidor. "Mas esses valores precisam ser renovados, pois o ambiente é dinâmico e as pessoas esperam que as companhias evoluam e abracem princípios com os quais se identificam." A pesquisa da Fundação Dom Cabral concluiu que 30% das empresas bem-sucedidas, sob a gestão do seu fundador, sobreviveram à mudança para a segunda geração. Dessas, só metade passou da segunda para a terceira geração. "O trabalho não focou as empresas familiares, pois a amostra não era adequada. Mesmo assim, obtivemos bons exemplos de sucessão bem-sucedida em firmas com esse perfil, caso da Coteminas e do Banco Itaú, que ainda é uma empresa basicamente familiar", diz. Cooperativas A preocupação com a longevidade das empresas se reflete no aumento da procura por práticas de governança corporativa (1). De acordo com Adriane de Almeida, coordenadora geral do Centro de Conhecimento do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), governança não é modismo. "Estamos percebendo um aumento do interesse por esse tipo de conhecimento", diz ela. Adriane conta que, em um primeiro momento, a governança atraiu grandes empresas com ações negociadas em bolsa. "Temos sido muito procurados por empresas fechadas, preocupadas em preparar o processo sucessório, empresas estatais e cooperativas." A maioria dessas entidades está nas regiões Sudeste e Nordeste. "Agora, com a procura das cooperativas, é que vemos instituições do Centro-Oeste nos procurando". E, para atrair as instituições do terceiro setor, o IBGC lança em conjunto com o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) um guia de melhores práticas em governança específico para esse conjunto de entidades. "Sabemos que essas instituições precisam melhorar seus mecanismos, inclusive de gestão, para conseguir captar mais recursos. Por isso, acreditamos que será um instrumento poderoso", afirma Adriane. No início de setembro, o IBGC publicou a versão atualizada do Código de Melhores Práticas em Governança Corporativa. "A atualização regular do código é necessária para que ele se mantenha como a principal ferramenta das empresas preocupadas com as melhores práticas", disse, na ocasião, o presidente do Conselho de Administração do IBGC, Mauro Rodrigues da Cunha. Entre os principais itens incluídos nessa versão, está a recomendação de facilitação do acesso do acionista às assembleias, por meio, por exemplo, de votação eletrônica, transmissão on line e voto por procuração. Outra orientação é para que o Conselho de Administração seja composto por pessoas que tenham tempo para se dedicar à tarefa. 1 - Mantra empresarial O termo governança corporativa está ligado a boas práticas de gestão e significa a reunião de mecanismos eficientes para assegurar a perenidade da companhia, garantindo que o comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse dos acionistas. Embora muito identificados com a iniciativa privada, tais conceitos começam a ser introduzidos também no setor público.

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