Economia

Em 2009, produção da indústria automotiva cai, mas vendas aumentam

Fabricação de veículos encolhe 1% enquanto vendas sobem 11,4%. E, pela primeira vez desde 1995, importação supera exportação

postado em 08/01/2010 07:01
Influenciada pela forte retração no mercado externo detonada pela recessão mundial, a produção da indústria automobilística brasileira caiu 1,02% no ano passado. Mesmo assim, o consumo interno, aquecido com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre carros e a retomada na concessão de crédito, mais do que compensou a queda de 40,5% nas receitas com exportações. No fim das contas, o setor bateu o terceiro recorde anual seguido em vendas totais, com crescimento de 11,4% em relação a 2008. As montadoras venderam 3,141 milhões de veículos em 2009.

"Foi um ano positivo, com produção só um pouco abaixo da de 2008, apesar de toda a crise que o mundo enfrentou. O setor tem todas as condições de continuar crescendo neste ano. Vai ser estimulado pelo aumento do emprego e da massa salarial, que vai fazer muitas pessoas passarem da classe D para a classe C, engordando o número de consumidores", disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider. Para ele, o crescimento esperado de 6% na economia também vai impulsionar os segmentos de caminhões e tratores.

Segundo os números divulgados ontem pela Anfavea, a produção total de automóveis, comerciais leves, ônibus, caminhões e tratores caiu de 3,215 milhões em 2008 para 3,182 milhões no ano passado. Após a corrida às concessionárias em setembro, último mês antes de o governo iniciar o cronograma de volta da cobrança do IPI, o ano terminou bem. Em dezembro, a produção ficou em 240.523 veículos, num aumento de 14,7% em relação a novembro e de 163% na comparação com o mesmo mês de 2008. As vendas mensais foram de 293.026 unidades, com alta de 16,4% e 50,7% respectivamente.

Comércio externo
A crise internacional e a força do real frente ao dólar impulsionaram as importações em detrimento das exportações. Pela primeira vez desde 1995, o Brasil mais comprou veículos (488,9 mil unidades, recorde histórico) do que vendeu (369,3 mil). Os desembarques cresceram 30,3%, enquanto os embarques de produtos nacionais para fora caíram 35,3% em volume. A participação dos automotivos vindos do exterior no mercado brasileiro chegou a 15,6%, percentual que deve se manter em 2010, segundo a avaliação de Schneider. Neste ano, a estimativa de compras é de 544 mil automóveis.

"As empresas brasileiras estão se mexendo para aumentar a competitividade e enfrentar os importados. Nos últimos meses, anunciaram investimentos de dezenas de bilhões de reais para aumentar a produção, renovar as linhas e desenvolver novas tecnologias", disse. A Argentina foi o maior fornecedor, com 58% das vendas, seguida da Coreia (20%). Schneider afirmou que o setor vai ter de conviver com o câmbio valorizado, pois o governo não pode fazer "mágicas" para desvalorizar o real.

Neste ano, a Anfavea projeta um crescimento de 6,5% na produção, de 8,2% nas vendas e de 11,5% nas exportações.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação