postado em 08/01/2010 18:18
Os exportadores brasileiros acompanham atentamente os desdobramentos da crise gerada pela demissão do presidente do Banco Central (BC) argentino, Martín Redrado, na noite de ontem (7), por decreto da presidente Cristina Kirchner. Ela alegou insubordinação de Redrado, que se negou a liberar US$ 6,5 bilhões das reservas cambiais para pagamento de dívidas internas.
No Brasil, a notícia causou apreensão, porque a decisão de Kirchner contribui para desvalorizar a moeda argentina (peso), com prejuízo para a competitividade dos produtos brasileiros naquele país, terceiro maior parceiro comercial brasileiro.
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz, no entanto, que prefere aguardar os desdobramentos do caso para só então se pronunciar a respeito. "É difícil qualquer avaliação neste momento, pois o que existe por ora são especulações."
O presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), José Luiz Pagnussat, também acha que é cedo para comentar o caso, até porque o decreto presidencial de demissão está sendo contestado na Justiça argentina, em razão do o BC daquele país ter independência administrativa.
Para ele, a demissão em si, se vier a ser efetivada, "não vai gerar impacto nas relações comerciais". Ele ressalta, porém, que é preciso ficar de olho na condução do processo de negociação e possível liberação de dinheiro das reservas estrangeiras. "Aí, sim, se houver alguma desvalorização significativa do peso argentino, as vendas brasileiras para aquele país serão prejudicadas", afirmou.
O governo brasileiro não se pronunciou oficialmente sobre a questão. Consultado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior não quis se manifestar a respeito. Por intermédio de assessores, o Ministério das Relações Exteriores disse que "não comenta assuntos internos de outros países".