postado em 13/01/2010 18:40
O racionamento de energia na Venezuela, que prevê cortes no fornecimento elétrico de até quatro horas na região de Caracas, é uma necessidade que o povo deve "aceitar" e "cumprir", disse nesta quarta-feira o presidente Hugo Chávez, que comparou a medida a uma dieta para emagrecer.
"Apelo a todos para que aceitem (o racionamento), é uma necessidade, como se você estivesse muito gordo e precisasse fazer dieta, caminhar...", declarou Chávez em um ato público transmitido pela TV estatal. Chávez lembrou que a represa da hidrelétrica de Guri, que responde por 70% da eletricidade consumida na Venezuela, "está dez metros abaixo de seu nível normal".
"Se não chove, não é culpa de Chávez ou do governo", disse o presidente, que atribuiu à seca a crise no setor energético. "Agora os ricos e a classe média estão bravos (com o racionamento). E o que querem?! Que o racionamento seja apenas para os pobres, como era antes".
A oposição afirma que a crise no setor elétrico é resultado da má gestão do governo Chávez, que não fez os investimentos necessários no setor. "Nós começamos, há alguns anos, a levantar a capacidade termelétrica, mas isto não se faz em cinco anos, são investimentos de bilhões de dólares", justificou Chávez.
Segundo os analistas, o setor elétrico exigirá investimentos de 18 bilhões de dólares até 2014. Caracas terá cortes diários no fornecimento de eletricidade, por períodos de até quatro horas, em regime alternado aplicado sobre seis regiões definidas.
O racionamento será aplicado nestas zonas "uma vez a cada dois dias e em horários alternados, durante o dia e a noite", segundo Javier Alvarado, presidente da estatal Electricidad de Caracas.
A princípio, os cortes seguirão até o próximo mês de maio, quando se espera o início da temporada de chuvas no país. A demanda de energia elétrica na Venezuela supera em cerca de 1.000 megawatts a geração diária, em torno de 16.200 MW.
Desde o dia 1º de janeiro, fábricas e centros comerciais estão submetidos a limites de consumo elétrico, que restringem, inclusive, o horário de funcionamento dos shoppings, sob a ameaça de corte de fornecimento e aumento de tarifas.
A energia elétrica fornecida aos centros comerciais foi limitada ao horário entre as 11 da manhã e às 9 da noite. Além deste horário, os shoppings devem fechar ou gerar sua própria energia.
Um decreto determina que estes estabelecimentos apliquem planos para poupar ao menos 20% em relação ao atual consumo, sob a supervisão do recém-criado ministério da Energia Elétrica, que tem poder para aplicar multas sobre o valor das contas e até para fechar estabelecimentos.
A princípio, o racionamento também atingia os centros de lazer, mas o governo decidiu suspender a medida. As fábricas de alumínio e aço, controladas pelo Estado, suspenderam parte da produção para reduzir o consumo.