postado em 16/01/2010 04:59
O processo de incorporação da Brasil Telecom (BrT) pela Oi, iniciado em 2008, foi gravemente afetado pelo surgimento de inesperado R$ 1,29 bilhão em dívidas de ações judiciais. O valor praticamente dobrou o passivo da megaempresa nascida da aquisição da operadora que atendia, entre outras áreas, o Distrito Federal. Como o cálculo inicial apontava um saldo negativo R$ 1,45 bilhão, o passivo de ações transitadas em julgado da companhia recém-adquirida pela Oi saltou para R$ 2,53 bilhões, montante 89,96% maior que o divulgado em fato relevante pela Oi em 3 de abril de 2009.Diante da ;descoberta;, as duas companhias decidiram interromper o processo de incorporação de ações da BrT, porque a substituição proposta para os acionistas não considerava os efeitos do ajuste contábil com o valor a maior. Resultado: os papéis da BrT despencaram ontem, registrando a maior queda em quase 15 meses. As ações preferenciais fecharam o dia com desvalorização de 10,84%, valendo R$ 14,89. As ordinárias, que dão direito a voto e representam o controle da empresa, caíram mais: 17,30%, fechando em R$ 22,85. Ao longo do dia, esses papéis chegaram a ficar ainda mais desvalorizados, caindo a R$ 22,71.
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Para evitar prejuízos aos acionistas, o anúncio da paralisação do processo de aquisição de controle da BrT foi feito no fim da noite da quinta-feira. As companhias informaram que realizarão estudos para ajustar a relação de substituição de ações. O fato relevante foi ancorado em auditoria realizada pela BDO Trevisan, que indicou que as perdas possíveis em litígios contra a Brasil Telecom poderiam ser o dobro do que o provisionado. O valor da dívida é referente a ações judiciais de planos de expansão do antigo sistema Telebrás no Rio Grande do Sul.
Ruptura descartada
Fontes do mercado chegaram a afirmar que, em função do aumento do passivo da Brasil Telecom (BrT), a Oi poderia desfazer o negócio. Segundo a companhia, porém, o fato relevante é restrito à troca de papéis da empresa incorporada para simplificação das ações em bolsa. A conclusão da aquisição do controle ocorreu há um ano. A operação suspensa era a terceira etapa de simplificação da estrutura societária para que a nova companhia tivesse apenas um papel no mercado financeiro, em substituição das ações da BrT e da Oi. Em razão disso, serão feitos novos cálculos e, posteriormente, será apresentada uma nova proposta aos minoritários, que poderão aceitá-la ou não.
Fontes ligadas ao governo também não acreditam que a Oi volte atrás. ;Foram feitas uma engenharia e negociações tão complexas que não acredito que isso possa ocorrer;, ressaltou um funcionário do alto escalão. Além disso, todos os empregados que ocupavam posições de duplicidade nas duas operadoras, inclusive cargos de direção, foram demitidos. ;Teria que ser uma coisa extrema, gravíssima, que justificasse isso (o cancelamento do negócio);, acrescentou.
Como a diferença entre o valor do passivo da BrT é significativo, a fonte observa que alguém errou na conta. ;Passar um erro de R$ 1 bilhão é complicado. Não é um valor desprezível. Ainda mais em ações transitadas em julgado;, observou. Outra fonte esclareceu que não há necessidade de interferência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no caso, pois o assunto limita-se ao campo dos acionistas. Os clientes da BrT no Distrito Federal e nos outros estados onde a empresa atua também podem ficar tranquilos, porque não há previsão de que o problema afete a prestação do serviço. (KM)
Junção de Claro e Embratel na CVM
O mercado brasileiro foi comunicado oficialmente ontem sobre a integração das empresas de telecomunicações América Móvil, Telmex e Telmex Internacional, do empresário mexicano Carlos Slim. Fato relevante enviado ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que a América Móvil, integrante da cadeia de controle do grupo Claro no Brasil, promoverá uma oferta pública de permuta de ações aos acionistas para adquirir, de forma indireta, 60,7% das ações em circulação da Telmex, que integra a cadeia de controle da Embratel. Em comunicado divulgado no México, a América Móvil afirmou que a integração empresarial poderá gerar sinergias e um melhor aproveitamento de redes, sistemas e processos, o que resultará na ;universalização de serviços integrados em benefícios a seus clientes em condições mais atrativas;. (Leia mais no Blog da Vida Moderna)
Leia a íntegra dos fatos relevantes divulgados pela Oi: