Agência France-Presse
postado em 18/01/2010 16:31
Barack Obama alimentou esperanças ao tomar posse como presidente em 2009, em meio a um "inverno de dificuldades para os Estados Unidos", mas, um ano depois, apesar de alguns êxitos, várias crises se prolongam e sua administração continua de mãos atadas por uma economia problemática.
[SAIBAMAIS]O otimismo gerado por uma campanha histórica, a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos e as enormes expectativas criadas em torno de sua promessa de mudanças murcharam rapidamente em um contexto de enormes desafios.
Entre suas grandes conquistas, Obama conta com a provável aprovação no Congresso da reforma do sistema de saúde, na qual fracassaram vários de seus antecessores, um Prêmio Nobel, resultado da diplomacia multilateral que adotou, e o início da retirada das tropas americanas do Iraque.
Mas o maior êxito de Obama consiste, sem dúvida, no que conseguiu evitar: não houve uma segunda Grande Depressão e o setor financeiro não entrou em colapso, dois pontos significativos, mas dificilmente capitalizáveis como vitórias políticas.
No começo, as lembranças de seu predecessor, George W. Bush, estavam frescas e Obama não levou a culpa pela crise econômica - agora, no entanto, a bola está em seu campo.
As pesquisas mostram que a aprovação pública de Obama continua caindo, e já está abaixo de 50%, o que complica sua agenda.
Com um desemprego de 10%, o presidente enfrentará o desafio político das eleições legislativas de meio mandato em novembro.
A Casa Branca, com o controle dos democratas no Congresso em risco, argumenta que os tempos podem ser difíceis, mas a recuperação está próxima. Os republicanos, por sua vez, dizem que as políticas de Obama estão equivocadas e o chamam de "presidente mata-empregos".
"Tenho plena confiança de que poderemos olhar para trás no final do ano e dizer que as coisas estão melhorando; que recuperamos a confiança em nossa economia, nos Estados Unidos", disse Obama na última quinta-feira.
David Axelrod, um de seus mais importantes estrategistas políticos, admitiu que a economia está atrapalhando o programa de governo prometido por Obama.
"Não é preciso ser um gênio da política para saber que, neste contexto, é muito difícil manter índices de popularidade muito altos", indicou Axelrod.
"Somos o partido no governo. Não criamos a confusão na qual estamos metidos, mas agora somos o partido responsável", acrescentou.
Ninguém pensou que os altíssimos índices de popularidade de Obama durariam para sempre, mas a verdade é que a queda foi vertiginosamente rápida.
"Ele não poderia ir para outro lugar que não para baixo", afirmou Tom Baldino, professor de Ciência Política da Wilkes University, na Pensilvânia.
"Ele herdou uma incrível quantidade de problemas, alguns dos quais não podia solucionar em seis meses ou um ano", estimou.
Dante Scala, professor de Política e Presidência da Universidade de New Hampshire, disse acreditar que "dada à má situação da economia, voltar a colocar os pés no chão era inevitável".
A lógica sugere que a posição política de Obama só se recuperará com a criação de empregos e a volta da prosperidade.