Tudo indica que o governo brasileiro vai adotar o modelo europeu de rádio digital. O prazo para a entrega do relatório final dos testes com a tecnologia europeia de radiodifusão terminou na segunda-feira e, segundo um funcionário do alto escalão do governo, o anúncio deve ocorrer em fevereiro. Segundo a fonte, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ficou impressionado com a qualidade das transmissões tanto em FM quanto em AM, consideradas ;muito satisfatórias;. Outra vantagem do modelo europeu, segundo o funcionário, é que cada aparelho receptor de rádio digital é praticamente uma central multimídia, que permitirá não só a transmissão de áudio, mas também a de imagem.
;Com a adesão ao sistema europeu, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e a Rádio Nacional vão poder fazer transmissões para o país inteiro;, destacou a fonte. Os testes com o Digital Radio Mondiale (DRM), denominação técnica do modelo europeu (leia quadro) foram feitos em São Paulo. Agora, serão executados também em Belo Horizonte. Quando a transição do modelo de rádio analógico para digital começou a ser discutida, a tendência era que fosse escolhido um padrão norte-americano. Porém, como os testes detectaram muita interferência nas transmissões em AM, a tecnologia teria sido abandonada.
Ronald Siqueira Barbosa, engenheiro técnico da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert), ficou surpreso com a possível escolha do modelo europeu de rádio digital. ;A gente continua optando pelo modelo americano. Ao optar por uma tecnologia, temos que levar em conta vários fatores: ter receptores no mercado, facilidade de acesso e tecnologia de transmissão. O americano é o melhor;, afirmou. Ele observa que no europeu existe essa dificuldade, pois há menos de 100 estações em operação no mundo. ;Nossa preocupação é que o modelo europeu está aprovado desde 2003 e não deslancha nem na Europa.;
Preço
Outra preocupação da Abert é com o custo. Enquanto os equipamentos de transmissão do modelo americano custam cerca de US$ 35 mil, o europeu fica entre US$ 70 mil e US$ 90 mil. Barbosa alerta ainda que essa proporção deve ser repetir para os receptores, ou seja, o rádio que o consumidor ouve. ;Essa é a nossa preocupação. Rádio é o produto mais barato do mundo que usa radiofrequência. Só no Brasil, são cerca de 250 milhões;, pondera.
Arthur Luis Cardoso, gerente das rádios dos Diários Associados no Distrito Federal, observa que as emissoras terão que fazer grandes investimentos e questiona até que ponto eles trazem retorno para as empresas. ;Com exceção do Japão ; onde além de a população ter uma renda alta, há um forte consumo de tecnologia ;, nos lugares onde a rádio digital foi implantada não houve aumento de audiência para as emissoras;, compara. Para Eduardo Tudo, presidente da Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, o mais importante é decidir rapidamente. ;O principal é definir logo. As redes AM dependem muito de ter a digitalização para ter qualidade semelhante à FM;, ressaltou.
; Saiba mais
O que é?
Com o rádio digital, os sinais de áudio serão digitalizados antes de serem transmitidos, o que torna possível obter uma melhor qualidade de som e aumentar o número de estações.
Tecnologia
Os sistemas de rádio digital podem ser divididos entre os que usam um mesmo canal, conhecido como In-band on-channel (Iboc), e os que utilizam um segunda banda. Os mais conhecidos usam o Iboc: os modelos HD Radio e FMeXtra, norte-americanos, e o Digital Radio Mondiale (DRM), europeu.
Discussão
Falta escolher entre os modelos norte-americano ou europeu. Cada radiodifusor poderá iniciar a transição conforme sua disponibilidade e estratégia e o ouvinte, sintonizar a rádio pelo antigo sistema analógico, sem a necessidade imediata de adquirir novos receptores.
Fonte: Teleco