A inadimplência com cheques foi recorde em 2009. Dos cerca de 1,2 bilhão de documentos compensados no ano passado, 2,15% foram devolvidos, duas vezes, por falta de fundos. A alta histórica no indicador, calculado pela Serasa Experian, foi puxada pela Região Norte, que obteve crescimento de 4,95%. No ranking do calote, o Distrito Federal ficou em 17; lugar, posição que ainda deixou a capital do país acima da média nacional, com alta de 2,99%. Segundo o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, além dos problemas de liquidez e de diminuição de crédito que o país enfrentou com a crise econômica, o incentivo ao consumo, somado ao alto poder aquisitivo candango, fizeram o brasiliense desequilibrar o orçamento familiar. ;O DF é a região com maior renda per capita do país;, lembrou Almeida. ;Então, provavelmente, o consumidor se descontrolou e comprou mais porque tinha mais dinheiro. Quem tem um talão de cheques no bolso carrega um crédito pré-aprovado, pode financiar quase tudo o que quiser. Isso não é o correto, as pessoas não têm a cultura de acompanhar os gastos que realizam;, explicou o assessor econômico. A maioria do país seguiu a receita de Brasília, só que de forma mais intensa, de acordo com técnicos da Serasa. No Amapá, o calote representou 10,20% de todos os cheques que foram compensados no ano. No Maranhão, 9,65%. Somente seis unidades da Federação registraram inadimplência abaixo do índice brasileiro: Mato Grosso do Sul (2,14%), Minas Gerais (2,02%), Paraná (1,97%), Santa Catarina (1,86%), Rio de Janeiro (1,73%) e São Paulo (1,64%). ;As Regiões Sul e Sudeste foram as que tiveram a menor inadimplência, abaixo da média nacional. Já as regiões Norte e Nordeste sempre revezam os primeiros lugares;, afirmou Carlos Henrique de Almeida. Perda de espaço Com o levantamento, a consultoria constatou que o cheque ;caiu de qualidade; em 2009. Como esse tipo de pagamento perdeu espaço para crediários e cartões de crédito nos financiamentos, a inadimplência nessa modalidade de crédito se expandiu. ;Não acredito que o cheque deixe de existir, por mais que perca qualidade. Nos Estados Unidos ele é bem utilizado. Lá, se paga conta pelo correio com um cheque. Aqui no Brasil, tirando as pessoas físicas, os grandes consumidores são as empresas, que pagam muitas das suas contas com cheques;, ponderou Almeida. Empresas essas que em 2009 enfrentaram problemas de fluxo de caixa em função de menor atividade no consumo, encolhimento do mercado externo e escassez de crédito para capital de giro. Os micro e pequenos negócios foram os que mais sofreram esses efeitos e ajudaram a puxar a inadimplência para cima. Apesar da alta recorde que marcou o ano passado, com as projeções de que o Produto Interno Bruto brasileiro (PIB, soma de todas as riquezas do país) cresça 5%, a expectativa da Serasa para 2010 é de um recuo acentuado no calote.
Entrevista com Carlos Henrique de Almeida, assessor economico da Serasa Experian