Jornal Correio Braziliense

Economia

Europa preocupada com inflação e juros

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, disse que vai agir, assim que for necessário, para combate qualquer ameaça inflacionária. A afirmação foi feita em entrevista à revista alemã Focus, à qual ele também disse que alguns países da Zona do Euro, como a Grécia, precisam melhorar a qualidade das contas públicas. O objetivo, segundo ele, continua o mesmo: administrar a política monetária (as taxas de juros são um componente essencial) para obter uma inflação anual próxima de 2%. A taxa básica de juros na Zona do Euro é de 1% ao ano %u2014 nunca foi tão baixa, pois o objetivo é combater a recessão que atingiu a Europa por causa da crise mundial. Teoricamente, um índice baixo facilita a tomada de empréstimos, que ajudariam a eliminar a recessão. Entretanto, o crédito (dinheiro) barato, ao ampliar o consumo, eleva a inflação e, consequentemente, os juros. Se a Europa elevar suas taxas e os Estados Unidos não fizerem o mesmo, o euro vai se valorizar ainda mais diante do dólar, tornando o continente um megaimportador de produtos norte-americanos. O resultado seria uma nova recessão, porque várias fábricas européias fechariam por não conseguirem competir como os EUA. Diante disso, Trichet procurou minimizar preocupações. "Estou convencido de que as autoridades dos Estados Unidos (banco central e Tesouro) consideram que um dólar forte contra outras grandes moedas flutuantes é do interesse do próprio país", afirmou. Na mesma entrevista, ele comentou que a Grécia e outros países europeus estão com déficits orçamentários excessivos (gastam muito mais do que arrecadam) e precisam adotar medidas para colocar as finanças em ordem. Questionado sobre uma eventual "expulsão" da Grécia do bloco, Trichet disse que não comentaria essa "hipótese absurda".