Agência France-Presse
postado em 27/01/2010 14:33
Como era esperado, os banqueiros contra-atacaram esta quarta-feira (27/1) na abertura do Fórum Econômico Mundial (WEF) de Davos para frear a ofensiva política que tende a controlar mais o setor; asseguraram que limitar o tamanho e as atividades dos bancos não é a melhor resposta para evitar outra crise financeira."Não vi qualquer tipo de evidência sugerindo que diminuir o tamanho dos bancos, tornando-os menor, seja a resposta" para evitar uma nova crise, disse o presidente do banco britânico Barclays, Robert Diamond Junior, num debate sobre riscos financeiros nesta quarta-feira de manhã em Davos.
Na mesma sintonia, o presidente do banco norte-americano JP Morgan Chase International, Jacob Frenkel, afirmou que "a profunda recessão pela qual passamos consituti um terreno fértil para decisões políticas pontencialmente ruins".
O presidente americano Barack Obama anunciou na semana passada a intenção de limitar o tamanho dos bancos e proibir que os estabelecimentos dedicados aos depósitos e poupanças especulem nos mercados por conta própria, com o objetivo de evitar riscos excessivos deste setor assinalado como um dos grandes responsáveis pela crise mundial.
A questão se converteu em um dos grandes pontos de debate de Davos, onde líderes políticos e empresários batalham para impor sua posição.
Segundo um estudo publicado na terça-feira pela PriceWaterHouseCoopers, os responsáveis pelas grandes corporações estão mais preocupados com um possível excesso de regulação de seus negócios.
[SAIBAMAIS]Para o presidente da Barclays, uma redução do tamanho dos bancos teria um impacto "muito negativo" sobre a economia e o emprego. "Os bancos são grandes porque seguiram seus clientes e os mercados", acrescentou.
"Houve uma regulação e uma administração (dos bancos) ineficaz, particularmente na gestão de risco", disse Robert Diamond Junior, ao se referir a época anterior à crise.
Para Jacob Frenkel, os projetos de reforma do setor financeiro escondem "o perigo de um intervencionismo excessivo, de um protecionismo".
O presidente da companhia de seguros Lloyd;s, Peter Levene, teve um discurso parecido. Ele disse que é necessária uma "boa regulação, uma melhor regulação, mas não uma maior regulação".
Presente em um dos debates de abertura do Fórum, o espanhol Jaime Caruana, diretor do Banco de Pagamentos Internacionais (BIS), disse que os Estados e os reguladores não poderiam solucionar sozinhos os problemas do setor financeiro.
"É necessário entender os limites da regulação. O setor privado tem muito o que fazer, a cooperação internacional deve ser reforçada", falou.
Favorável a um maior controle, o ex-governador do Banco Central mexicano, Guillermo Ortiz, citou o exemplo da resistência das economias latino-americanas durante a crise mundial, explicando que a região aprendeu as lições do passado e optou por uma regulação mais forte.
"Se pegar como exemplo qualquer mercado emergente que passou por uma crise financeira nos anos 80 ou 90, e houve muitos deles - México, países da Ásia, Rússia, Brasil e Argentina -, nenhuma dessas nações sofreu esta crise financeira com a mesma força" que os países desenvolvidos, disse Ortiz.
"Todos os mercados emergentes foram capazes de resistir. Isso sugere que devemos aprender com nossos erros. No caso dos mercados emergentes, a forte regulação foi aplicada para evitar este tipo de problemas que levaram a uma crise", acrescentou.
A opinião compartilhada pelo vice-governador do Banco Central da China, Zhu Min, para quem o setor financeiro "merece maior regulação" após a crise.