Economia

Conflito entre Obama e bancos, empréstimos suspensos na China e dívida grega reforçam tensão nos mercados

postado em 28/01/2010 09:14
Temendo uma desaceleração forçada na China e uma regulação mais rígida para bancos nos EUA, os investidores seguiram vendendo ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que emendou a quinta sessão seguida de perdas ontem. Acusando o contínuo fluxo de saída de estrangeiros, que desta vez alvejou sobretudo os setores bancário e de metais, o Ibovespa, principal índice acionário doméstico, recuou 0,69%, a 65.069 pontos, o menor nível desde 12 de novembro último. No mês, acumula perdas de 5,13%

Além da Bovespa, as bolsas recuaram em todo o mundo influenciadas conjuntamente pelas decisões dos bancos chineses de suspender empréstimos e pela ansiedade sobre futuras decisões de Barack Obama para o sistema financeiro americano. Ainda nos Estados Unidos, novos indicadores mostraram uma reação tênue de recuperação. As vendas de novas moradias caíram inesperadamente em dezembro. Segundo o Departamento do Comércio, a retração foi de 7,6%, correspondendo ao segundo mês seguido de diminuição nessa variável.

A capacidade solvência da Grécia foi um fator adicional de estresse no mercado (1)financeiro. Ontem, a diferença de rendimento entre os bônus da Grécia e os da Alemanha atingiu um nível recorde desde a criação do euro. A piora aconteceu após o governo grego, que enfrenta uma forte crise econômica, negar que esteja vendendo 25 bilhões de euros em bônus à China para financiar sua dívida. Ativos de risco, como ações e commodities exibiram forte queda.

Na Europa, todas as principais bolsas fecharam em queda, com destaque para Frankfurt (-0,4), Londres (-1,13%) e Paris (-1,24%). Igualmente na Ásia os principais pregões encerraram a quarta em derrocada, a exemplo de Tóquio (-0,71). Até o fechamento da edição desta página, o índice Dow Jones da Bolsa de Valores de Nova York não havia fechado.


1 - Dólar sobe 6,7%

O dólar subiu pela sétima sessão consecutiva nesta quarta-feira, impulsionado pela saída de investidores estrangeiros do país, e fechou no maior patamar desde o início de setembro, a R$ 1,859. A valorização da moeda norte-americana em janeiro, com 15 altas em 18 sessões é de 6,7%. Ontem, a variação foi de 1,25%. Analistas citam o exterior ao justificar a retirada de investimentos do país. Entre os fatores externos que preocupam o mercado há dias estão a questão fiscal da Grécia, o aperto monetário na China e a proposta do presidente do EUA, Barack Obama, para reformular o sistema financeiro.



Fosfértil é da Vale

A mineradora Vale anunciou a compra por US$ 3,8 bilhões das operações de produção de fertilizantes no Brasil da gigante do setor agrícola Bunge, em negociação que aumenta significativamente sua atuação global na área de adubos. A Vale adquiriu 100% das ações da Bunge Participações e Investimentos (BPI), empresa que reúne vários ativos na parte de mineração e processamento de fertilizantes no Brasil. A Vale buscava ampliar sua atuação no setor, que avalia como estratégico devido às perspectivas de aumento da demanda global por alimentos nos próximos anos, com o crescimento da renda nos populosos países emergentes. O movimento da mineradora também deverá agradar o governo brasileiro, que busca reduzir a dependência do país do adubo importado, atualmente em 70% do volume total, e que já havia sinalizado à mineradora que gostaria de ver uma atuação maior nesse segmento.

Em comunicado, a Bunge avaliou que o momento foi oportuno para deixar a área de produção de fertilizantes e concentrar recursos em áreas agroindustriais em que busca expansão, como o setor de açúcar e etanol. Segundo comunicado da Vale, o portfólio da BPI no Brasil é composto pela participação de 42,3% no capital total da Fosfertil, pelas quais a Vale pagará US$ 2,15 bilhões. A Fosfertil é a maior fornecedora de produtos fosfatados e nitrogenados para a produção de fertilizantes no Brasil. A participação comprada da BPI corresponde a 53,8% das ações ordinárias e 36,4% das preferenciais da Fosfertil. Quando a transação for concluída, a Vale lançará uma oferta pública para comprar as ações ordinárias detidas pelos acionistas minoritários. A BPI detém ainda minas de rochas fosfáticas e plantas de processamento de fosfatados, ativos pelas quais a Vale pagará US$ 1,65 bilhão.

;Esta operação é de fundamental importância para a consolidação da estratégia da Vale em focar o Brasil como o grande mercado para sua produção de fosfatados, tendo em vista o potencial das minas locais;, afirmou o presidente da Vale, Roger Agnelli, por meio de nota. A transação não envolve negócios de varejo ou distribuição de fertilizantes.

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