BUENOS AIRES - Uma comissão do Congresso da Argentina se pronunciará nesta terça-feira (2/2) sobre a remoção do titular do Banco Central, Martín Redrado, demitido por decreto pela presidente Cristina Kirchner por negar-se a usar reservas monetárias do país para pagar parte da dívida externa de 2010.
"Seguramente na tarde de terça-feira teremos preparado uma resolução" para a presidente sobre a situação de Redrado, disse o vice-presidente da Nação e titular do Senado, Julio Cobos, ao finalizar uma reunião com três membros da comissão bicameral. Mas a opinião da comissão não é de cumprimento obrigatório, podendo o Executivo acatá-la ou não.
Em meio a uma crise institucional, Cristina Kirchner recorreu ao Congresso depois de ter visto contestada pela justiça sua decisião de destituir Redrado que, por sua vez, negou-se a transferir US$ 6,569 bilhões das reservas para formar um fundo destinado a pagar parte da dívida de 2010.
"Não agimos sob pressão, apenas com a responsabilidad que nos compete", afirmou Cobos, encarregado da comissão e que vem, abertamente, enfrentando a presidente Kirchner desde 2008.
O governo argentino prevê apresentar nas próximas semanas um plano para normalizar a dívida do país em mora, no valor de US$ 20 bilhões.
O governo voltou a defender na quinta-feira a criação do Fundo do Bicentenário e negou que os recursos possam ser utilizados para cobrir os déficits das províncias. "Está claríssimo que a única utilização desses fundos é o cancelamento dos vencimentos (da dívida) de 2010", assegurou na quinta-feira o ministro da Economia Amado Boudou, em declarações feitas a rádios locais.
Apesar disso, alguns analistas consideram que o governo poderá apelar para esse fundo para financiar altos níveis de gastos públicos.
O governo argumenta que é preferível usar reservas do Banco Central (48 bilhões no total) do que se endividar a taxas superiores a 14% nos mercados financeiros internacionais, devido ao fato de a Argentina ainda não ter saído totalmente do default, declarado em 2001.