Economia

R$ 10,9 bilhões fortalecem hotéis

País terá investimentos de vulto em 266 unidades até 2012, dois anos antes do mundial. Cidades-sede ganharão 51 empreendimentos

postado em 31/01/2010 10:41
A Copa do Mundo no Brasil só começa daqui a quatro anos, mas os investimentos programados para os novos hotéis, que ficarão prontos até 2012, já passam dos R$ 10,9 bilhões. Esse é o valor confirmado por redes hoteleiras, incorporadoras e outros investidores ao Ministério do Turismo. Só nas capitais que sediarão os jogos, serão inaugurados 51 novos hotéis, que representam R$ 1,86 bilhão ou 17% do montante previsto. Como 19 projetos ainda não têm previsão de custo, o investimento total passará dos R$ 11 bilhões. Em entrevista ao Correio, o ministro do Turismo, Luiz Barretto, prevê que o valor será ainda maior, uma vez que os dados referem-se ao ano passado. "Acho que vai aumentar mais, pois os dados foram colhidos ao longo de 2009, um ano em que todo investidor estava receoso por causa do cenário econômico (devido à crise mundial). Então, a tendência disso é crescer", ressaltou. Setor Hoteleiro Sul, na capial federal: falta de áreas disponíveis e alto custo dos imóveis não deverão arrefecer o ânimo dos investidoresO ministro atribui o significativo volume de investimentos que o Brasil tem recebido ao bom momento que vive, o que acaba refletindo de forma positiva em diversos setores da economia. Barretto destacou a estabilidade econômica e o fato de o país ter sido menos atingido e ter passado pela crise mundial melhor que outras nações. "Qualquer investidor, seja privado nacional ou internacional, olha com bons olhos o Brasil, tendo em vista o acúmulo de fundamentos econômicos: o país hoje tem quase 16 anos de estabilidade e enfrentou a crise do ano passado reconhecidamente melhor que os outros. Então todo mundo está de olho, seja quem tem uma indústria de alimentação, quem vende automóvel, geladeira. Na construção civil e no turismo também isso ocorre." No caso do turismo, o ministro ressalta duas vantagens do Brasil, que são a Copa do Mundo e as Olimpíadas, marcadas para 2014 e 2016, respectivamente. "Uma série de investimentos que já vinham ocorrendo vai ganhar uma proporção maior porque a hotelaria tem uma participação especial no tema da Copa e no das Olimpíadas." O maior volume de investimentos, R$ 900 milhões, está concentrado em Manaus, onde serão erguidos 10 hotéis. Na vice-liderança, aparece Salvador, com 13 empreendimentos e R$ 360,45 milhões previstos. O Rio de Janeiro, com seis hotéis e R$ 245,25 milhões programados, aparece no terceiro lugar. No total, são 266 empreendimentos em 93 cidades do país - do total, 94 hotéis estão em construção. Brasília Apesar da demanda crescente, Brasília não tem projetos em andamento devido às restrições de área disponível e aos preços dos imóveis, obstáculos que não conseguiram arrefecer o ânimo dos investidores. "É estratégico para a Accor ter um Ibis em Brasília. E, para a Copa, internamente, temos um desejo muito forte de ter o Ibis e o Formule 1 operando na capital do país", afirmou Abel Castro Júnior, diretor de desenvolvimento de novos negócios da Accor Hospitality, que responde pelas bandeiras Ibis, Mercure, Formule 1 e Sofitel. Segundo o executivo, há duas possibilidades de negociação em andamento. Nos próximos dois anos, a Accor vai dobrar o número de hotéis Ibis, categoria econômica da rede, de 50 para 100 unidades. Tomando como experiência as Copas do Mundo realizadas na França e na Alemanha, onde a Accor tem um número considerável de hotéis, a rede sabe que a demanda maior ocorre nos dois anos anteriores à realização do evento. Nesse período são fechados os acordos de mídia e contratos de patrocínios e merchandising. "Por isso, a pressa", diz. Para estimular a construção, a reforma e a restauração de hotéis, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou no dia 13 uma linha de financiamento de R$ 1 bilhão, que, somada aos recursos dos fundos constitucionais das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, atinge R$ 1,8 bilhão. "Há regiões que necessitam de ampliação, outras de modernização. Tenho que ter o Brasil preparado para junho de 2014. Os investimentos têm que ser adiantados", ressaltou Barretto. No Rio, reformas e expansão A Copa também acelerou o processo de aquisições de hotéis que estavam fechados. Entre os lançamentos, 540 quartos são do Meridién, comprado em maio por R$ 170 milhões e hoje em reformas. A rede também expandirá o Flórida, construindo mais 100 quartos anexos. O grupo construirá ainda dois hotéis cinco estrelas na Barra e um em Copacabana. A rede Windsor vai antecipar a entrega de cinco unidades no Rio de Janeiro, o que aumentará sua oferta de quartos em 77% até 2011. Serão 1,78 mil novas acomodações que se somarão às 2,3 mil atuais. Motivo: Copa do Mundo e Olimpíadas, segundo o gerente de marketing do grupo, Paulo Marcos Ribeiro. Pelos planos anteriores, a ampliação só estaria completa em 2012. O Hotel Glória, também no Rio, foi adquirido pelo empresário Eike Batista. O Hotel Nacional, depois de cinco anos parado, será reaberto para o mundial. Solução para financiamento A realização da Copa e das Olimpíadas no Brasil acabou antecipando a solução de um problema que o setor hoteleiro sempre enfrentou: a restrição de crédito junto às instituições financeiras. "Tínhamos muita dificuldade de interlocução com os bancos", disse Alexandre Sampaio, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih Nacional). Segundo o executivo, também está em pauta a desoneração tributária para o setor para baixar as tarifas das diárias dos hotéis e questões como a facilitação do visto para os norte-americanos. Abel Castro Júnior, diretor de desenvolvimento de novos negócios da Accor Hospitality, destaca a importância da Copa para a questão creditícia, pois agora, segundo ele, será possível acessar o financiamento em condições mais atrativas. A rede que dirige vai recorrer à linha que está sendo ofertada tanto para a construção quanto para a reforma de hotéis. "Várias cidades precisam de hotéis e a Copa está antecipando os investimentos", explica. BNDES A linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) trabalha os conceitos de hotéis padrão, eficiência energética e sustentável, e estabelece regras para cada categoria. As taxas de juros vão de 6,9% a 8,8% ao ano. Os prazos de pagamento variam de 8 a 18 anos. As novas regras dos fundos constitucionais de financiamento do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO) ampliaram de 15 para 20 anos o prazo de pagamento das dívidas, com juros de 6,75% a 10% ao ano. (KM)

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