Jornal Correio Braziliense

Economia

Fórum econômico termina sem soluções para impasses

O Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), despede-se hoje de sua 40ª edição sem dissolver a incerteza sobre a solidez da recuperação econômica, chegar a um consenso sobre o momento certo de pôr fim aos incentivos fiscais que sustentam a retomada atual e alcançar entendimento sobre uma possível regulação do setor financeiro. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), o francês Dominique Straus-Kahn, fez ontem um sério alerta sobre o rombo nas contas públicas causado pelo aumento dos gastos e cortes de impostos para combater a mais grave crise global desde os anos 1930. "Os deficits públicos serão um dos maiores problemas nos cinco, seis ou sete próximos anos", disse Straus-Kahn num debate sobre as perspectivas econômicas. Analistas esperavam que o encontro de líderes políticos, empresários e intelectuais chegasse a uma conclusão mínima sobre a hora adequada para que os governos extinguissem os incentivos. Mas isso não ocorreu. "Se sairmos muito tarde, haverá um desperdício de recursos e isso aumentará ainda mais a dívida pública, o que deve ser evitado. Mas se sairmos muito cedo, o risco é ainda maior: a volta da recessão." [SAIBAMAIS]Outro ponto de preocupação foi o desastre nas finanças da Grécia, que se tornou uma dor de cabeça para a Zona do Euro. O primeiro-ministro grego Giorgos Papandreou, presente na quinta e na sexta-feira em Davos, tentou tranquilizar os investidores e os demais países europeus, garantindo que seu país não precisa de ajuda externa. Mas seu discurso não surtiu muito efeito, pois a cotação do euro continuou caindo nos principais mercados. Também causou polêmica a reação dos banqueiros à proposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de limitar as atividades dos bancos. Troca O presidente da França, Nicolas Sarkozy, apoiou a ofensiva de Obama logo no início do encontro. Ontem, ministros de Finanças, entre eles o britânico Alistair Darling e a francesa Christine Lagarde, presidentes de bancos centrais e banqueiros tiveram uma reunião privada. Segundo fontes do governo francês, o encontro permitiu uma "troca de pontos de vista", mas não resultou em nenhuma decisão. Embora o FMI tenha revisado a estimativa de expansão da economia mundial para 3,9%, Strauss-Kahn foi cuidadoso ao projetar o futuro de curto prazo. "O crescimento acontece mais rápido que o previsto, mas não podemos esquecer que ele ainda é frágil, porque, em grande parte, está sustentado por fundos públicos e a demanda privada ainda é fraca", explicou. Numa reunião com membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), o chanceler brasileiro, Celso Amorim, propôs uma conferência de líderes mundiais para dar um impulso final às estagnadas negociações da Rodada Doha de liberalização comercial. Ninguém disse não, tampouco se comprometeu com a sugestão.