São Paulo - A classe C, que compõe a maior parte da população brasileira, não está somente na mira dos fabricantes de bens de consumo e dos institutos de pesquisas econômicas. Também tornou-se alvo do setor de turismo, mais especificamente, da principal operadora do país, a CVC, que reúne 12 mil agentes de viagem e 658 expositores para a 16; edição do seu workshop, cujo encerramento está marcado para hoje.
[SAIBAMAIS]"Nos próximos cinco anos, 50 milhões de pessoas vão entrar no mercado do turismo, o que deixa os homens de vendas e de marketing doidos. E somos quem mais oferece produtos para esse público", comenta Valter Patriani, presidente executivo da empresa. "Quando nasceu, há 38 anos, a CVC, atendia aos brasileiros que vinham trabalhar nas fábricas de automóveis do ABC paulista", lembra ele.
Neste ano, a operadora prevê aumentar em 25% o número de vendas de pacotes aéreos, terrestres e marítimos (são 728 roteiros, no total). A ideia é embarcar 2,5 milhões de passageiros rumo a destinos nacionais e internacionais, contra os 2 milhões alcançados em 2009. Desse total, 30% devem pertencer ao que o presidente executivo chama de classe média emergente. "Há 15 anos, um folheto de viagem mostraria um hotel com um homem de terno, uma limusine e um jatinho, justamente para mostrar que aquele produto era exclusivo. Hoje, a publicidade é diferente: há gente normal e famílias se divertindo durante um passeio", completa.
Vender para esse público tem suas particularidades, e Patriani mostra, em números e tendências, já estar familiarizado com ele. "O cliente da classe C chega à loja querendo um pacote pronto. Sonha em viajar de avião e não suporta hotel ruim. Quer sentir que se divertiu muito mais do que em casa e gosta de ter o guia acompanhando e contando tudo", descreve. Para completar, esse consumidor pode ser tão ou mais exigente do que aqueles de maior poder aquisitivo. "Ele faz questão de marca porque sabe que talvez não tenha dinheiro para viajar de novo. Outros compradores podem experimentar e errar porque terão outras chances no futuro."
A cidade de Porto Seguro, na Bahia, ocupa a primeira posição na lista de sonhos desse turista do mercado emergente. "Para quem está no centro do país, é uma cidade mais próxima do que Natal ou Fortaleza, além de ter uma noite muito atrativa. O brasileiro gosta de destinos que tenham balada e não quer saber de acompanhar novela durante a viagem", conta o presidente executivo da CVC. O passeio é normalmente curto (10 dias, em média) e quitado em 10 parcelas ; uma possibilidade surgida em tempos de economia mais estável e inflação domada. "Como o pagamento é feito sem entrada, a última prestação normalmente coincide com o último mês antes da próxima viagem. Isso permite ajustar a viagem ao orçamento."
A jornalista viajou a convite da CVC