postado em 04/02/2010 16:12
O setor de infraestrutura impediu que, no primeiro semestre do ano passado, os investimentos do setor privado e de empresas estatais, no estado de São Paulo ; sem incluir investimentos diretos do governo ; tivessem uma queda acentuada no período seguinte ao desencadeamento da crise financeira internacional. É o que mostra a Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp), que é feita com base na publicação, pela mídia, da intenção de investimentos. De janeiro a junho de 2009, a soma de todos os investimentos alcançaram US$ 10 bilhões, 37% abaixo de igual período de 2008, em 300 empreendimentos.
Esse resultado, no entanto, é um balanço preliminar porque alguns dados sobre intenção de investimentos não puderam ser confirmadas, segundo a Fundação Estadual Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
Dos US$ 10 bilhões, 41% foram concentrados em quatro projetos. O maior deles, envolvendo US$ 1,2 bilhão, foi anunciado pela empresa de capital espanhol, a Telefônica. O dinheiro era para ampliar a rede de telefonia fixa e de banda larga no estado, além do lançamento de novos produtos e serviços.
O segundo da lista foi a divulgação pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) de que iria aplicar US$ 1,1 bilhão na terceira etapa do projeto de despoluição do Rio Tietê.
Os demais foram o anúncio de obras no corredor Dom Pedro I, administrado pela concessionária Rota das Bandeiras, envolvendo US$ 952,2 milhões e o corredor Raposo Tavares, administrado pela concessionária Auto Raposo Tavares ; Cart, com recursos de US$ 919,7 milhões.
A analista da Fundação Seade, Margarida Kalemkariam, observou que, embora o volume de investimentos totais tenha caído no semestre, houve um forte incremento a partir do segundo trimestre, período em que os anúncios cresceram 150%.
Na avaliação do diretor adjunto da Fundação Seade, Sinésio Pires Ferreira, esse resultado indicou ;que os empresários passaram a ter mais confiança no futuro da economia, investindo, principalmente, em infraestrutura, área que não tem tanta influência de efeitos conjunturais;, referindo-se à crise financeira internacional.
Numa análise geral, os serviços lideraram as intenções de investimento com US$ 6,8 bilhões, destacando-se os transportes terrestres, telecomunicações, atividades imobiliárias e atividades auxiliares dos transportes. Para a compra de trens do metrô, por exemplo, foram anunciados US$ 398,9 milhões. A indústria foi o segundo setor que mais anunciou a aplicação de verbas (US$ 3 bilhões) com destaque para a captação, o tratamento e a distribuição de água .
A proporção de anúncios, segundo a pesquisa, indica um crescimento na participação de empresas estrangeiras, de 23,3% para 31,1%, enquanto as controladas por capital nacional reduziram a participação de 76,7% para 68,9%. Em volume financeiro, ambas apresentaram valores menores do que no primeiro semestre de 2008. As nacionais diminuíram de US$ 12,1 bilhões para US$ 6,9 bilhões e as estrangeiras, de US$ 3,7 bilhões para US$ 3,1 bilhões.
São Paulo foi a região metropolitana que se destacou em investimentos, com US$ 2,4 bilhões, porém esse valor é 60% menor do que no ano anterior. Melhor desempenho foi observado na região metropolitana da Baixada Santista, em que os investimentos anunciados triplicaram, passando de US$ 193,8 milhões para US$ 554,1 milhões. Esse resultado está associado às obras de ampliação de terminais de cargas, no Porto de Santos.