Economia

Bolsa despenca, dólar sobe

Daniel Pereira
postado em 05/02/2010 08:05
Os temores com a situação fiscal de países europeus e as consequências para a recuperação da economia mundial contaminaram os negócios nos mercados do mundo nesta quinta-feira, levando a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ao pior desempenho desde 28 de outubro. Pressionado pelas perdas de todas as ações que compõem a carteira, o Ibovespa tombou 4,73%, para 63.934 pontos ; menor nível de fechamento desde o início de novembro.

A repentina escalada nos custos para proteção contra um default da dívida soberana de Portugal espalhou o medo de cortes no rating de vários países, após o governo local ter falhado em tentar aprovar um projeto para reduzir o deficit público. A situação fiscal da Espanha e o endividamento da Grécia adicionaram tensão aos pregões.

O principal índice europeu de ações, FTEU3, teve a maior queda diária em dez semanas, enquanto o euro tombava frente ao dólar. As cotações das commodities desabaram. Na Europa as bolsas fecharam em baixa com expressivas quedas em Madri (-5,9%), Lisboa (-4,9%), Milão (-3,45%), Frankfurt (-2,45), Londres (-2,17%) e Paris (-2,75%). O mau humor contaminou os pregões nos Estados Unidos, fazendo a Nasdaq encerrar a quinta com recuo de 2,84% e o Dow Jones em Nova York ficar 2,61% no negativo. Na América Latina, o índice argentino Merval recuou 3,62%.

Em recente matéria publicada pelo Correio, o economista suíço Marc Faber alertou para o risco de um novo abalo na economia mundial a ser provocado, segundo ele, por efeitos do grande endividamento dos Estados Unidos, Inglaterra e os Piigs: Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha (que em inglês é Spain).

Moeda americana

As preocupações com a dívida soberana da Grécia e com deficits em nações com maior peso na União Europeia, como Espanha e Portugal, levaram o dólar a uma segunda rodada de ganho frente a outras moedas.

No mercado à vista ante o real, a divisa americana atingiu R$ 1,8830 (2,17%) no balcão ; maior alta percentual desde 17 de dezembro ; e, na BM, 2,06%. Na máxima do dia, chegou bem perto de R$ 1,90 ; R$ 1,8970 ; enquanto na mínima recuou a R$ 1,8600. O giro financeiro projetado para as operações com liquidação em dois dias é mais que o dobro de anteontem: US$ 1,8 bilhão ante os US$ 754 milhões da quarta-feira. O euro chegou a bater a menor cotação desde 15 de junho de 2009, que foi de US$ 1,3748, frente a dúvidas sobre os riscos fiscais de algumas nações do bloco.

Os juros futuros encerraram a quinta-feira em queda firme e com alto volume de contratos negociados. Ao fim do dia, o DI janeiro de 2011 (819.015 contratos) recuava a 10,25%, de 10,35% no ajuste de quarta. O DI abril de 2010 (104.480 contratos) cedia a 8,676%, de 8,70% de quarta-feira.

Poupança tem maior captação desde 1997

A caderneta de poupança registrou em janeiro captação líquida de R$ 2,619 bilhões. O resultado é o melhor desde janeiro de 1997, quando houve ingresso de R$ 3,512 bilhões segundo dados da série histórica do Banco Central. Em janeiro de 2010, os depósitos totalizaram R$ 87,825 bilhões e os saques, R$ 85,205 bilhões. Foi creditado R$ 1,508 bilhão em rendimentos. O saldo total em caderneta de poupança passou de R$ 319 bilhões para R$ 323 bilhões de dezembro para janeiro.

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