As bolsas de valores tiveram, na sexta-feira, o segundo dia consecutivo de queda generalizada (veja quadro) em todo o mundo por causa de problemas nas contas públicas da Espanha, de Portugal e da Grécia, especialmente. A fragilidade desse países começou a ser transferida para o euro, provocando insegurança no mercado e atitudes monetárias mais fortes e inesperadas, como a da Suíça.
Ontem pela manhã, os investidores internacionais colocaram o euro na mínima em 15 meses ante o franco suíço, em meio a uma busca por ativos mais seguros. A iniciativa forçou o Banco Central da Suíça a intervir, comprando euros. A intervenção forçou a moeda europeia a saltar para a máxima do dia a 1,4905 franco suíço, ante 1,47 no pregão asiático. Antes, a mínima em 15 meses era de 1,4551. Em março de 2009, o BC suíço lançou uma série de medidas pouco convencionais para combater a pior recessão econômica em décadas, mas intervenções diretas, sem intermediários, como a de ontem, são políticas raras.
Ainda ontem, a União Europeia aprovou, sob condições, o plano fiscal de três anos da Grécia para reduzir seu elevado deficit fiscal, mas os mercados foram abatidos mesmo assim. O primeiro-ministro da Grécia tentou acalmar os temores dos investidores nesta sexta-feira em relação à capacidade de pagamento de seu governo, depois de temores sobre a dívida de países da zona do euro abaterem os mercados e provocarem uma rara resposta direta do banco central suíço.
O primeiro-ministro grego, George Papandreou, procurou acalmar os temores dos investidores sobre o deficit de seu país, dizendo que Atenas está implementando mudanças tributárias e absorvendo recursos significativos para preservar a União Europeia. ;Eu consigo entender as dúvidas, mas é por isso que temos que nos provar. Iremos aplicar de forma crível esse programa;, disse Papandreou durante visita à Índia. A Grécia tem a maior dívida da zona do euro, que deve atingir 120% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. A dívida de Portugal deve alcançar 84,5% do PIB e a da Espanha, 66,3%, abaixo da média da zona do euro. O problema é que a dívida desses dois últimos países está aumentando rapidamente.
Queda livre
Principais pregões em baixa/Em %
São Paulo/ -1,83
Nova York/ 0,1
Frankfurt/ -1,79
Londres/ -1,53
Paris/ -3,4
Tóquio/ -2,89
Hong Kong/ -3,33
Seul/ -3,05
Xangai/ -1,87
Sydnei/ 2,32
Bovespa cai 4% na semana
Já pessimista com a debilidade fiscal na Europa, o investidor viu em números do frágil mercado de trabalho dos Estados Unidos a senha para continuar vendendo ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que caiu 1,8% ontem. Na semana, a queda foi de 4%.
Os empregadores norte-americanos cortaram 20 mil empregos em janeiro, mas a taxa de desemprego surpreendeu ao cair à mínima em cinco meses, de 9,7%, de acordo com um relatório do governo dos Estados Unidos, que indicou dúbia melhora no mercado de trabalho do país.
Essa melhora, entretanto, é relativa. O índice caiu por causa de um forte aumento no número de pessoas desistindo de procurar trabalho que ajudou a reduzir a taxa de desemprego. O número de pessoas desestimuladas subiu para 1,1 milhão em janeiro, frente a 734 mil um ano atrás.
O Departamento de Trabalho divulgou que foram cortados 150 mil empregos em dezembro, ante 85 mil anteriormente divulgados. As revisões anuais mostraram que a economia dos EUA fechou 8,4 milhões de empregos desde o início da recessão, em dezembro de 2007. A Bolsa de Nova York passou a maior parte do dia no terreno negativo, chegando a cair 1%, mas recuperou-se no fim por causa de compras de ações de empresas dos setores de tecnologia e de matérias-primas.