Agência France-Presse
postado em 06/02/2010 22:08
BUENOS AIRES - O governo da Argentina descartou neste sábado a possibilidade de uma corrida cambial, anunciou o ministro do Interior, Florencio Randazzo.
"De nenhuma maneira (existe esse risco). Possuímos um nível de reservas mais que suficiente", disse Randazzo à rádio Mitre, de Buenos Aires.
Alguns temores sobre o comportamento da demanda por dólares surgiram a partir da crise de duas semanas originada pela demissão por decreto do presidente do Banco Central, Martín Redrado, que resistiu por um momento à decisão, e sua substituição por Mercedes Marcó del Pont.
De acordo com as definições da nova titular da autoridade monetária, Randazzo reafirmou que "a política do governo é um dólar administrado, sem sobressaltos, competitivo, basicamente, com a economia brasileira com a qual mais se complementa a da argentina", destacou.
O governo argentino recorreu na sexta-feira à Corte Suprema para liberar reservas cambiais do Banco Central da República Argentina (BCRA), no valor de 6,569 bilhões de dólares para a criação do chamado Fundo do Bicentenário, destinado ao pagamento de dívida pública.
O Procurador do Tesouro entrou com um recurso extraordinário solicitando à Câmara do Contencioso Administrativo que leve o caso ao máximo tribunal para que revogue as resoluções provisórias que suspenderam a execução do decreto de criação do Fundo.
A polêmica decisão de utilizar reservas para o pagamento de obrigações da dívida será debatida pelo Congresso a partir de março, quando terminar o recesso de verão, mas o Governo pretende acelerar os prazos por via judicial.
De qualquer forma, como o primeiro pagamento da dívida deverá ser efetuado dentro de seis meses, tudo indica que o tema será tratado e resolvido pelo Congresso antes que o Poder Executivo possa pôr as mãos nesses fundos, estimou a fonte.
A resistência ao uso das reservas - que superam os US$ 48 bilhões - marcou a gestão do ex-titular do BCRA, Martín Redrado, junto com legisladores da oposição, que denunciaram o caso à justiça e exigiram seu exame no Congreso.
O governo argentino deve enfrentar este ano pagamentos da dívida da ordem de US$ 13 bilhões.