postado em 14/02/2010 14:48
Andrielle Mendes
Especial para o Diário de Natal
Fernanda de Oliveira Vianna, 25 anos, não pagava nenhuma conta, e, de uma hora para outra, assumiu todas as despesas da casa. Ela decidiu morar sozinha aos 19 anos e não demorou muito para perceber que independência tem preço - e dependendo do caso, pode ser bem alto. Contas de água, luz, telefone, aluguel passaram a ser depositadas na porta de sua residência, que tinha apenas um colchão, uma televisão e um fogão de duas bocas conquistado com o emprego de garçonete.
"Saí da casa de meus pais apenas com as roupas que eu mais usava e os livros da faculdade. Meu avô me ajudou com o aluguel e eu fui pegando alguns móveis emprestados, como um colchão e uma tevê. Depois comprei um fogão de duas bocas e minha sogra me deu um botijão de gás. Tive que comprar tudo. Foi bem difícil. Quando você sai de casa, tem aquele sonho de liberdade. Só que eu não tinha nada". Na época, a renda mensal de Fernanda era de R$ 1,2 mil. Parte do dinheiro era dado pela família - o avô pagava o aluguel, que era R$ 200 e o pai dava R$ 300 de mesada.
Retrato de milhares de jovens que deixam a casa dos pais em busca de autonomia, Fernanda aprendeu na prática que organizar as finanças deve ser o primeiro passo para quem precisa - ou simplesmente deseja - se virar sozinho. "Quando você mora sozinho, tem que entender que não pode fazer tudo o quer". Depois de morar um tempo sozinha, Fernanda voltou a morar com a família. Mãe de uma menina de 3 anos, ela planeja sair de casa novamente. Desta vez, só depois de planejar bem as finanças. "A liberdade tem um preço alto não só para o bolso, mas mental. Você está sozinho e tem que se virar sozinho. Não pode contar com a família sempre".
Para o psicólogo Alyson Barros, não há um "momento certo" para deixar a família, e sim condições que podem garantir certa autonomia. O ideal é que o jovem "ensaie" sair de casa e tenha em mente que isso é um processo e que não deve ser feito de modo impulsivo e irresponsável.
Saída tranquila
Monte uma planilha com todos os gastos;
Faça uma lista com o que você já tem antes de se mudar e liste os itens que você não tem e que são absolutamente necessários, como fogão e geladeira. Veja o que pode ser comprado usado ou não;
Nunca comprometa mais de um terço da sua renda com o aluguel;
Tenha em mente que, pelo menos no primeiro ano, você terá que reduzir seus gastos ao extremamente necessário;
Evite carnês, dívidas no cartão ou empréstimos. Priorize as compras. Se não der para comprar a cama e o colchão, compre o colchão e deixe a cama para quando puder;
Não tenha vergonha de recorrer a amigos e parentes e perguntar se têm algo que possam doar para ajudar você no início dessa nova fase em sua vida;
Não queira ter tudo e fazer tudo no começo. Você vai ter que caminhar devagar, fazer uma coisa de cada vez. O importante é ter o lugar onde morar e o básico: onde dormir, onde cozinhar, onde lavar roupas. Comece devagar, economize sempre que puder e gaste somente com o necessário.