postado em 15/02/2010 12:10
Rio de Janeiro - O incentivo das prefeituras e a participação da sociedade para promover a coleta seletiva do lixo beneficiaria catadores de materiais recicláveis, geraria economia aos cofres públicos e reduziria riscos ambientais.A avaliação foi feita pela bióloga Jandira Aureliano de Araújo, ex-aluna do mestrado em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco.
Ela acompanhou durante cerca de um ano a atividade de catadores da comunidade de São José do Coque, em Recife (PE), onde vivem aproximadamente 1,8 mil pessoas.
Segundo a pesquisadora, essa prática ainda não é suficientemente incentivada no Brasil. Ela acredita que se houvesse o descarte correto do lixo, com a separação do material molhado do seco, o orgânico do inorgânico, e principalmente o papel, o produto revendido pelos catadores teria seu valor comercial aumentado.
;As prefeituras economizariam com o transporte do lixo que sobraria, e a condição ambiental também teria ganhos, porque haveria redução dos casos de leptospirose, em função da proliferação dos roedores, e das enchentes, com o entupimento das galerias;, disse em entrevista à Agência Brasil.
De acordo com a bióloga, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que apenas 2% do lixo produzido no país são de fato reciclados e que somente em 8% das cidades brasileiras existe algum tipo de coleta seletiva.
Outro problema enfrentado por esses trabalhadores é a falta de estrutura para fazer a triagem do material recolhido. Segundo Jandira, é comum os catadores levarem o que coletam para dentro de suas comunidades, expondo outros moradores a riscos de contaminação.
Jandira afirma que algumas prefeituras oferecem núcleos de triagem, mas os catadores reclamam que, em geral, não contam com condições adequadas e acabam tendo que fazer outras atividades, como lavar banheiro e cuidar da limpeza do local.
;Assim, preferem levar para suas comunidades e em seguida vender diretamente a depósitos, que têm o inconveniente de pagar menos pelo material;.
Dados do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis indicam que atualmente cerca de 230 mil pessoas trabalham como catadores de material reciclável no país.